quinta-feira, janeiro 29, 2015

Águas profundas

Joel Beeke fala em dois capítulos de assuntos que se revelam na adolescência.
Descobrir a vontade de Deus e lidar com a pressão de grupo.
Eu, como pai, ainda estou incrédulo que os meus pequeninos filhos de 3 e 1 anos, irão ter que lidar. no futuro, com esses problemas. A minha incredulidade, no entanto, não afasta nem um milímetro a ceteza do que irá acontecer.
A maior ajuda que os adolescentes terão, e é uma ajuda obrigatória é a dos pais.
Maldito o pai que se esquece disso, que perdoa todos os exageros com a desculpa da "fase complicada", que não reflete, nem investiga a vida do seu filho adolescente, que não o conhece, ou que, conhecendo, não faz nada.
O que tenho aprendido é que, para eu dar esta ajuda, na adolescência, aos meus filhos, preciso começar mal eles nasçam.
A falha vem, quase sempre, daí. A nossa completa falta de discernimento em relação aos problemas que as crianças enfrentam fazem com que pensemos que não há nada a fazer, não há nada a ensinar, "são coisas de criança". Se não ensinarmos no tempo de criança, o adolescente irromperá com questões e dificuldades tão súbitas que vamos, certamente, pensar que se trata de outra pessoa, não o nosso filho.

Não vou, obviamente, traçar todo o ensino que Beeke nos dá, mas vou partilhar os alicerces que, por mais óbvios que sejam, são de extrema importância.

Sem falarmos no exemplo pessoal que deve ser visto em cada pai, ou seja, os filhos esperam ver em cada pai, obediência ao Senhor inegociável e coragem para fazer o que é certo mesmo que implique prejuízo próprio. A oração (primeiro alicerce) deve ser ensinada desde as idades mais tenras. Os nossos filhos devem aprender que Deus responde de inúmeras formas, principalmente pela Sua Palavra e por conselhos de pessoas tementes ao Senhor. Por isso, devemos ensinar os nossos filhos a cuidarem da forma como escolhem as suas amizades.
A segunda área, é a da prática do estudo da Palavra de Deus. O cultivo do culto doméstico, de conversas que falem do que a Bíblia ensina, de educar com bases no que Deus quer ou não de acordo com as Sagradas Escrituras, devem ser a base para educarmos os nossos filhos a conhecerem a Palavra de Deus e a obedecerem as Suas Palavras. O alvo é que os levemos a estudar a Bíblia por eles mesmos.

 A oração e a Bíblia são, com certeza, os nossos maiores aliados nesta tarefa dantesca de ensinar coisas que até a nós nos custaram a aprender. Em alguns casos, ainda agora, lidamos com lutas no que diz respeito ao que o Senhor quer, ou em arranjar coragem para ir contra o que algum grupo de pessoas nos querem levar a fazer.
Que o Senhor nos ajude.   

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Advogado de Jacó

A história de Jacó sempre foi daqueles mistérios insondáveis que vagueiam na minha mente.
No fundo, é quando tento entender assuntos que não são do meu rosário, que se torna ainda mais insondável para mim.
Quando tento entender a razão de Deus ter escolhido Jacó e não Esaú (não tenho nada a ver com isso), ou porque é que Deus, na altura, permitiu o engando, a mentira e a blasfémia de usar o Nome dEle em vão (também não é nada da minha conta), e outras questões como estas que não estão na história da personagem Bíblia em causa como, "Porquê eu?", "porque é que fizeste isto?", "porque é que não ages?", etc.
Quase que arrisco dizer que "porquê" é uma palavra muito arrogante e ofensiva para se usar com o Senhor. Isto, se somos submissos a Ele.

Voltando à história...
Algumas informações importantes:
Primeiro, Esaú tinha, de forma néscia, vendido a sua primogenitura por um guisado de lentilhas. Então porque é que depois ele se "habilita" a receber a bênção do primogénito? Com certeza, quando vendeu a sua condição ao seu irmão, não o disse ao seu pai e (digo eu, não o Senhor) pensava que a coisa podia passar assim mesmo. Não ponderou todas as consequências da sua escolha.

Segundo, parece que as mulheres que Esaú tinha escolhido para si, não eram do povo de Abraão, e isso era mau, como sempre foi, aos olhos de Deus, mas trabalhoso, amargoso e pesado ao espírito dos pais Isaque e Rebeca.
Aposto que parte da razão (a outra parte era por pura, simples e carnal predileção de Rebeca por Jacó) para Rebeca ter maquinado este complô todo, foi por não querer que noras gentias ficassem com a Bênção que era para um povo escolhido.

Terceiro, Jacó está reticente quanto ao que vai fazer para enganar o seu pai. É Rebeca quem o ordena a tal, e até dá o "corpo ao manifesto" se alguma coisa correr mal.

Obviamente que não podemos ilibar Jacó de ter mentido, de ter enganado o irmão pelo seu ponto fraco na altura (a barriga), nem por ter usado o Nome de Deus em vão jurando por Deus. Mas também é verdade que Esaú, provavelmente, já não estaria em boas relações com os pais por causa das suas escolhas matrimoniais, e provavelmente tinha grandes problemas de caráter para vender a primogenitura como vendeu e depois pensar que foi enganado pelo irmão ao não receber a bênçao dessa condição vendida. Para além disso, vemos o caráter de alguém quando, aparentemente, o jogo está perdido. Isaque, depois disto acontecer, abençoa a Jacó e manda-o para outra terra. Esaú, em reação, decide casar-se com outras duas mulheres que também não pertencem ao povo de Deus, apesar de serem filhas de Ismael. Ele decide insistir naquilo que ele sabe que é a maior mágoa dos seus pais em relação a ele.

Peço, portanto, ao tribunal a absolvição de Jacó...

quarta-feira, janeiro 21, 2015

Salmo 18 e 19

Ao ler o Salmo 18 ficamos com a impressão que, ou Davi era um grande gabarolas, ou então era o seu esforço e conquistas que garantiam o seu relacionamento com o Senhor.
Nem uma coisa nem outra. Davi está a louvar ao Senhor, aliás, os Salmos são atos de louvor, em poesia, devocional para Deus.
Os Salmos não são sistemáticos, nem foram escritos para ensinarem de forma organizada Teologia. Antes, são o resultado de orações pessoais dos servos do Senhor.
Os Salmos ajudam-nos a perceber o coração do filho de Deus em tempos de aflição, vitória, incerteza, etc.
O que percebemos é como reagiu o salmista. A inspiração está em que, na fraqueza do escritor, aprendemos a ver Deus em tudo, e a confiar nEle em todas as situações. A inspiração está também em que, nem tudo o que o salmista escreveu, ele percebeu o seu alcance. Ele falou do próprio Messias, e foi citado pelo próprio Jesus, centenas de anos mais tarde.
Quando lemos os Salmos estamos a entrar no coração do servo. Muitas vezes, deveriamos reagir assim ao ler Salmos: "...então é assim que eu deveria lidar com estas situações?", "Se Deus agiu assim com o salmista, Ele pode fazer o mesmo comigo?".

Davi está, nos versos 20 a 27 do salmo 18, aparentemente, a elogiar a sua própria vida, mas, no fundo, ele está é a perceber que há sempre algo que temos a fazer quando servimos a Deus. E isso, ninguém faz por nós.
No entanto, a conclusão a que ele chega é esclarecedora. Nos versos 47 a 50, ele percebe que todo o seu esforço, mesmo que fosse bem sucedido, não valeria de nada, porque é Deus quem dá toda a substância ao que nós chamamos de "nossa parte".
Pensar que o que eu faço tem algum valor, fora de Deus, é uma ridícula sobrevalorização do nada.
Se não fosse assim, o salmista não teria escrito o Salmo seguinte.
"Quem pode entender os próprios erros? Expurga-me Tu dos que me são ocultos. Também da soberba guarda o Teu servo, para que se não assenhoreie de mim; então, serei sincero e ficarei limpo de grande transgressão."
Salmo 20: 12-13

Pergunto, quem é, então, o motor da santidade do salmista? A sinceridade e a pureza estão dependentes de quem? De Davi, ou do Senhor? 

segunda-feira, janeiro 19, 2015

Disciplina na igreja

Em termos de leitura sou uma alma repleta de grassas falhas. Uma delas é ainda não ter lido, até hoje, o livro de Mark Dever, "9 Marcas de uma igreja saudável".

Comecei hoje.
Ele diz: "E se tem de haver o tipo de disciplina que encontramos no Novo Testamento, precisamos conhecer e ser conhecidos uns pelos outros; e temos de ser comprometidos uns com os outros. Também precisamos ter alguma atribuiçao de autoridade" ... "Entender erroneamente estes assuntos, detestar autoridade e ressentir-se dela parece bem próximo do que constituiu a essência da queda."

Ainda só estou no prefácio e já não sei como sintetizar o que acabei de ler.

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Domesticar línguas

Já Tiago diz, na sua epístola, que a língua, apesar de pequena, é capaz de grandes coisas.
Aqui, lembro o que li de C.S. Lewis em "Cristianismo puro e simples". Não vou citar, porque não me lembro com exactidão, nem tenho o livro comigo. Mas ele dizia que, a quantidade de bem ou mal que alguém pode fazer a outrém, é equiparada com o poder que possui.
Por exemplo, um animal não consegue trazer um bem ao mundo que o afete globlamente, mas também não um mal. Subindo na "escada"... Talvez uma pessoa normal, povo ou classe média, possa fazer mais ainda, tudo se torna mais claro quando comparamos a influência que esta pessoa tem com a influência que um governante de uma potência mundial tem. Pode fazer muito bem, mas também muito mal.
Assim é a língua. é capaz das melhores coisas, mas também das piores. É difícil de controlar, até por adultos e pessoas tementes ao Senhor, quanto mais por crianças.

Joel Beeke continua, na sua senda à minha vida, de ensinar a ser pai.
Primeiro temos nós que controlar a nossa língua, para depois ensinarmos os outros. Recorrentemente exigimos dos nossos pequeninos um controle que nem nós temos.
A outra coisa que sai como consequêcia disto, tal como vimos no capítulo passado, é que o meu exemplo ensina mais do que quaisquer palavras.
Finalmente, ensinar os nossos filhos a usar a língua da forma mais correta possível. Para falar de Jesus e do Seu amor.
Se queremos filhos que falem bem temos que ser pais que falem melhor. O desafio é primeiro para nós.  

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Lucas 11

Este capítulo é bom e grande demais para falar dele todo em apenas um post. Vou falar de uma parte apenas.
O capítulo é grande e bom demais porque o Senhor Jesus fala da oração como sendo a respiração espiritual para o filho de Deus. Devemos pedir e o Pai dar-nos-há o Espírito Santo.
Este capítulo fala sobre o sinal do profeta Jonas. Fala também sobre um convite para uma refeição e um convidado pouco ortodoxo nas suas palavras para quem o convidou.

Fala de espíritos demoníacos.
Quando lemos: Lucas 11: 26,
"Então leva consigo outros sete espíritos piores do que ele; e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem é pior do que o primeiro." (devem ler o contexto em que isto é dito.), percebemos que não basta pararmos com algum comportamento pecaminoso, nem basta "arrumarmos a casa" para que sejamos verdadeiramente limpos.
Há decisões que são apenas "lavagens de cara". Pensamos que isso é conversão, mas não é. Obviamente, cada um sabe de si e Deus de todos, mas devemos perceber que, muita "apostasia", como nos fala a Palavra, é exactamente porque (também como nos conta Jesus) o terreno em que caiu a semente não era bom e chegou a dar fruto, ou seja não chegou a acontecer conversão.
O maior drama é que, se apenas "lavarmos a cara", pensando que estamos a seguir a Deus, não estamos.
Quando menos esperarmos, se não buscarmos conversão verdadeira, o demónio volta e volta mais forte, e ficamos piores do que quando estávamos quando a nossa vida estava em "pantanas" o que nos levou pedir socorro a Deus.
Infelizmente,não aproveitámos para deixar Deus entrar, quisemos fazer as coisas pela metade. O resultado é que nada foi feito.

Ensinar a ouvir

Continuo a ler o livro de Joel Beeke “Parenting by God's promisses” e desta vez, ele fala sobre a arte de ouvir.
Ouvir é um exercício de humildade. O que faz com que, as dificuldades naturais que temos em sermos bons ouvintes, apenas provam o quão orgulhosos somos.
Coisas como, ouvir já a pensar na resposta, ouvir pensando apenas na nossa situação ou problema são evidencias clara disto mesmo.

Não fugindo do propósito do capítulo, que é ensinar esta arte aos nossos filhos, fica claro que, primeiro temos nós que apreendê-la. Partindo logo para a segunda lição deste processo, percebemos, por isso, que ensinaremos a ouvir aos nossos filhos de formos exemplo para eles neste assunto.

Acima de tudo, ouvir é importante porque a Bíblia diz, e depois porque abraçamos a Bíblia ouvindo-a.

Finalmente, para além de sermos modelos no que toca a ouvir, há uma série de comportamentos de respeito que devemos aos nossos filhos. Tais como, olhar nos olhos, ouvir com atenção o que eles dizem, para o que fazemos para comunicar.

Enquanto lia este capítulo, num café, ouvia, sem ser de propósito, um pai que se queixava da personalidade da sua filha. “não sei a quem é que ela foi buscar aquele génio...” Custa-nos admitir, mas a resposta a esta indagação é a que menos queremos ouvir, e não queremos ouvir, porque não reconhecemos quem somos e as nossas fraquezas.
Os nosso filhos terão grande tendência de ser o que gostamos se lhes ensinarmos o que gostamos e a forma santa de vive. Nada disto vem naturalmente, vem tudo com esforço, tempo e afinco.

sábado, janeiro 10, 2015

Ensinar

Piedade

De todas as coisas que estamos, como pais, altamente motivados a ensinar aos nossos filhos, com certeza que, piedade não é a mais naturalmente lembrada.
Piedade, soa-nos a ultrapassado, soa a tempo de enfado e sem qualquer atração.

No entanto, se piedade é, "o desenvolvimento de um atitude de mente e alma correta em relação a Deus" como diz Calvino, deixem-me dizer que o ser enfadante ou pouco atrativo, de nada interessa.

Esta é parte da tese de Joel Beeke, A piedade é um valor em si mesmo. Se os pais forem fiéis e ensinarem, com zelo, o que é mesmo importante aos filhos, a seu tempo, Deus dará o fruto pela fidelidade.
Filhos piedosos e tementes ao Senhor.

Mas Beeke ensina que se formos relacionais (por oposição a palestrantes) na partilha destas verdades, a piedade será algo que entrará no coração da criança com grande entusiasmo.
Se, no ensino, cantarmos, conversarmos, deixarmos que sejam feitas perguntas e participações, este pode ser um caminho útil, mas também agradável.

Confissão:

Eu não tenho ensinado piedade aos meus filhos. Sinto-me altamente desafiado a iniciar este caminho.

sexta-feira, janeiro 09, 2015

Parenting by God's promisses

Joel Beeke ensina que os nossos filhos têm que ter a certeza de que, mesmo quando são castigados, o são amorosamente. O conselho de que, o castigo deve ser dado num quarto privado, havendo explicação da sua razão, sem raiva, promovendo o relacionamento posterior e terminando com oração, parece-me muito bem, apesar de desafiante.
O afinco do ensino Bíblico tem que estar presente.
Ele cita o puritano Richard Baxter "Faz com que o cerne do teu esforço na sua educação seja em mostrar a santidade a eles como sendo algo da maior importância, honrável, lucrativo,agradável, delicioso e um bom estado de vida."
Que alvo tremendo para se ter na educação dos filhos.

Joel Beeke enfatiza por todo o livro que mesmo sendo os melhores pais, mesmo que cumpramos todos os requisitos, só Deus pode mudar os corações e transformar os nossos filhos em filhos de Deus.

Tenhamos fé em Deus, fazendo o nosso melhor para cumprir o mandato que o Senhor nos deu.

Filhos de Abraão

"Saibas, decerto, que peregrina será a tua semente em terra que não é sua;"
Génesis 15: 13a

Somos, portanto, semente de Abraão.

Lucas 9

Herodes pensava que uma decapitação era suficiente para interromper qualquer tipo de movimento que incomodasse a sua ímpia rotina de vida, que tinha sido, há tão pouco tempo, reconquistada. Enganou-se.

Em relação a todas as comunidades que se chamam cristãs e que são satânicas, há uma vontade, em mim, carnal, de banir tudo, de ser juíz, de impedir todos de fazer o que fazem. Não sei como, mas lá que há essa vontade, há.
Jesus ensina que quem é contra Ele, faça o que fizer, será sempre contra Ele e, quem é por Ele, faça o que fizer, será sempre por Ele. Parece que o que Jesus está a dizer é que ninguém precisa provar nada, nem demonstrar, porque o que é, é.
Deixa-os lá estar, apenas faz o teu trabalho, disse-me o Senhor.