"Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação. "
I Timóteo 2:9-15
Existe, constantemente, uma
reacção negativa, por parte de alguns que não crêem na liderança do homem no
lar e também dos que crêem que a consagração ao pastorado feminino é da vontade
de Deus (poderão ser pessoas que crêem em ambos ou que apenas crêem em um
destes items), que – ia dizendo – o ensino accerca da liderança do homem é um
ensino de inferioridade para a mulher.
Creio que não existe
inferência mais equivocada possível. Aliás, esta conclusão só pode ter quem ou
tem uma ideia errada acerca da imagem de Deus, ou acerca da liderança como está
ensinada na Bíblia.
Obviamente, não serei
extensivo na apresentação de textos Bíblicos, porque muitos se repetem na mesma
ideia, e porque não quero tornar este artigo grande demais.
Em Génesis 1 lemos acerca da
criação do homem e da mulher. No versículo 27 lemos que ambos foram criados à
imagem de Deus. Logo, ambos são, desde a criação, portadores da imagem de Deus.
Ambos têm a mesma importância, ambos devem reflectir o Senhor Deus, de alguma
forma, no plano que cada um recebeu do Criador.
Este último ponto é de
grande importância.
Imagem de Deus (que
portamos) não significa só que temos espírito, razão, nem que somos dominadores
da terra, mas também significa que, no homem, na mulher e na relação entre
eles, deve-se reflectir o próprio Deus.
Deus é comunidade. Pai,
Filho e Espírito. O Pai enviou o Filho e o Filho obedeceu ao Pai (Mateus 10:40,
João 3:16, João 4: 34), Jesus enviou o Espírito e o Espírito fala do que Jesus
ensinou (João 14:16, 26). Estes textos falam de parte do relacionamento que
existe na Trindade.
Foi à imagem deste Deus que
fomos criados. Curiosamente uma marca da imagem de Deus no homem é a família, o
sermos seres relacionais e a igreja, que por sua vez é o corpo de Cristo.
De que forma é a Trindade
tem alguma implicação na forma como vivemos a vida?
A vida deve ser uma imagem
da Trindade.
Por isso entende-se a
liderança na família e a liderança na igreja.
O ensino Bíblico acerca da
liderança vem na sua génese da Trindade.
Apesar de haver, como nos
indicaram os textos Bíblicos acima, liderança e submissão na Trindade, não há,
porque a Bíblia não ensina assim, superioridade nem inferioridade de nenhuma
daquelas pessoas.
Logo, a liderança Bíblica
não é uma posição de superioridade, antes, é uma função. Mas sejamos claros,
ela existe e é claramente ensinada pela Palavra.
Por vezes a falha de
interpretação vem com a má leitura da crítica que Jesus faz em Mateus 20: 25.
Note-se que ele não está a abolir a liderança, antes está a definir essa mesma
liderança. Quando diz: “entre vós não será assim.” Não está a dizer que não
haverá líder, mas que a liderança entre nós não será com é no mundo.
Cremos que deve haver
liderança na igreja e que essa liderança deve exercer autoridade, mas é o
Senhor quem tem autoridade (Mateus 7: 29; 9: 6; Marcos 13:34; Romanos 13:1-3).
A autoridade, então, é delegada por Deus ao líder/ Pastor/ Bispo/ Presbítero
(escolham a denominação que mais voz apraz).
Se não houvesse liderança,
ou se a liderança não usasse autoridade, como seria a igreja? Quem é que admoestava,
disciplinava, ensinava? Toda a igreja? Crentes maduros e imaturos? Idóneos e
néscios?
Não podemos crer na
demagogia de uma igreja que tem toda a pretensa “maturidade” para tratar dos
seus acefalamente, nem numa revelação comunitária dirigida a um corpo composto
por membros espirituais, carnais e até perdidos. Nem nós, nem o Senhor acredita
nisso. Por isso é que Ele designou a liderança à Sua igreja.
O ensino que temos, por
outro lado, e como já se disse, é que a liderança não deve ser como é no mundo.
A saber, imposta, forçada, autoritativa, sem ser exemplar.
Em I Tessalonicenses 3: 7-10
a autoridade era assumida por Paulo. Ele tinha autoridade, mas a diferença é o
tipo de liderança que Deus quer que tenhamos. Uma liderança de exemplo.
Textos como, Tito 1:5- 11;
Actos 20: 28- 31 e I Timóteo 5:17, não deixam qualquer margem de dúvida para
que percebamos duas coisas.
Havia liderança na igreja e
a liderança da igreja exercia autoridade. No entanto, não há sítio nenhum em
que sejamos levados a crer que os líderes eram superiores aos restantes
cristãos.
Em forma de conclusão, Deus
designou liderança na família, e liderança na igreja. Ambas são imagens dEle
próprio.
O homem é quem tem sobre os
ombros esta função. O homem é o líder no lar (Efésios 5 22-31, Colossenses 3:
18- 19, I Pedro 3: 1-7). E como não poderia deixar de ser, porque é claro na
Palavra (I Timóteo 2: 9-15, I Coríntios 14, Tito 2: 1-5), mas porque é um
caminho lógico, o homem também tem esse ministério na igreja.
Nada disto, significa que o
homem seja superior à mulher, quer sim dizer que é diferente da mulher.
E a diferença entre ambos é
que, no fundo, é a razão disto tudo. Se fossem ambos iguais, porque é que Deus
tinha criado homem e mulher? Só para procriação? Quais são as diferenças entre
ambos?
7 comentários:
Olá meu irmão!
Como percebo a reação ao meu artigo, aqui vão alguns comentários/esclarecimentos.
- Concordo plenamente que a lidernaça existe, é bíblica e deve existir no lar e na igreja.
- Concordo que a liderança é uma função e não uma posição.
- Também concordo que a liderança não é sinónimo de autoridade.
- No entanto, não concordo que liderança seja sinónimo de autoridade. Esta sim, significa inevitavelmente posição ("autoridade sobre").
- Uma análise cuidadosa do texto de Mateus 20:25-26 verifica que Jesus não está só a falar de autoridade imposta, mas também do simples exercício de auotirdade, como o demonstra, particularmente o segundo termo utilizado.
- Dizer que uma igreja onde não existe autoridade (humana) é acéfala, roça a heresia grave, porque a cabeça (cérebro) não deve ser pessoa alguma que lidere o rebanho, mas sim o próprio Cristo. Ele sim, tem TODA a autoridade.
- A autoridade de Paulo era Apostólica, o que concordarás que deixou de existir, depois dele, encontrando-se unicamente nas páginas das Escrituras.
Um grande abraço!!
Faltou-me um:
- O conceito de autoridade delegada carece de base bíblica.
1 abraço!
Os seguintes textos ensinam que o que fazemos não é pela nossa força, nem mérito nem autoridade. Se temos textos que claramente ensinam que havia liderança e que ela exercia autoridade, etá claro que a autoridade deles não era própria, mas era a autoridade do Senhor imposta sobre os líderes(Mateus10:1; Mateus 28:18-20 (em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo); João 21:15-19; I Coríntios 11:1; I Coríntios 15: 9-10).
tinha escrito um outro comentário ao teu, que foi algo longo, mas perdeu-se de alguma forma.
REsta-me dizer-te que não tiveste em conta todos os textos que falam sobre Anciãos, presbíteros, pastores, bispos. Eles são líderes que admoestam e não outros, eles têm a missão de Deus para apascentar o rebanho de Deus. Claro, não da forma como os líderes e reis o faziam, ou fazem, mas pelo exemplo, e com autoridade porque fazemo-lo no poder e autoridade do Espírito Santo.
O facto da liderança cristã ser diferente da mundana, não quer dizer que não existe nem que não seja investida de autoridade.
Essas são suas conclusões precipitadas que, ao meu ver, tiras.
Abraço forte mano!
"duas", em vez de "suas".
Caro Isma,
Em relação aos textos bíblicos que citas:
- Mateus 10:1 - Esta autoridade não é dada aos líderes, mas aos "discípulos". Além disso, não é autoridade relativa a funções de liderança, mas sobre o mundo das trevas, o que acontece com todos os crentes, hoje, porque "maior é o que está em nós, do que o que está no mundo".
- Mateus 28:18-20 - Aqui Jesus diz que tem toda a autoridade e estará para sempre com os seus dicípulos, o que não significa que delega a sua autoridade em ninguém. Se dissermos que este texto é para os líderes, teremos que dizer que a Grande Comissão também o é.
- João 21:15-19 - A ordem para apascentar não implica delegação de autoridade, mas sim liderança e pastoreio.
- I Coríntios 11:1 - Liderança pelo exemplo e não pela autoridade.
- I Coríntios 15:9-10 - Não vejo como o conceito de autoridade pode estar aqui presente.
Em relação aos textos que se referem aos anciãos, presbíteros, pastores e bispos, no meu artigo inicial até faço referência a alguns deles que se referem às suas funções. Em todos eles, encontras a ideia de liderança e condução espiritual, mas nunca o de "autoridade sobre". Até a própria função de admoestação não pode ser feita por base numa suposta autoridade de que foram investidos ou que lhes foi delegada, mas sempre e só com a autoridade que está nas Escrituras e que pertence ao Cabeça da igreja.
No meu artigo inicial, também comento alguns textos que podem dar a entender existir essa posição, alertando para o perigo de algumas traduções tendenciosas e procurando recuperar o sentido original do texto bíblico (na sua lingua original).
A meu ver, a conclusão de que a liderança cristã está investida de autoridade não tem base bíblica sólida e resulta, em grande parte, do peso da tradição sobre as nossas práticas eclesiásticas.
Mais um grande abraço!
Os textos que mencionei explicavam, todos eles, que tanto a autoridade, quanto a força ou mesmo tudo o que fazemos, não vem de nós, vem do Senhor. É esta a base para entender a autoridade na igreja. É uma autoridade que não é do líder, nem de qualquer pessoa, é Deus quem a dá.
Para mim é claro que os textos que mencionei, a respeito dos líderes e das suas funções, mais outros como, Hebreus 13: 17, I Tessalonicenses 5: 12, I Timóteo 3: 4-5, ensinam, não que a autoridade seja ausente no Corpo, mas que existe autoridade divina na pessoa daqueles que lideram a igreja.
Se não fosse assim, não lideravam, não haviam lideres, porque todos eram lideres. Condição mínima para um líder liderar é a autoridade. Quer seja pelo seu exemplo, quer seja por força, quer seja por poder do Senhor, a autoridade não estando vinculada a uma liderança é o mesmo que ausência de autoridade.
Na igreja há autoridade, a do Senhor.
Esta autoridade é que permite pastorear.
De que forma se pastoreia sem autoridade?
É a autoridade que permite admoestar, disciplinar. Embora a disciplina seja dada pela igreja, esta igreja é liderada e ensinada e pastoreada para agir dessa determinada forma.
Não vejo, sinceramente, como é que podes dizer que não existe autoridade na igreja.
Todas as cartas de Paulo são escritas e lidas e hoje são ensino para nós, e são Palavra de Deus, porque Deus, não só inspirou Paulo, mas, investiu autoridade nele. Por isso é que Paulo em Gálatas 1:1-5 argumenta a favor do seu apostolado.
Fazia toda a diferença nos leitores se Paulo fosse apostolo ou não. Não por mérito dele, e ele faz questão de frisar isso, mas porque essa era a prova de que ele tinha a autoridade divina para ensinar, liderar e admoestar aquelas pessoas e não outro.
Bem, acho que isto já está longo e talvez um bocado desorganizado de pensamento, porque fui escrevendo conforme ia lendo os textos Bíblicos.
Diz-me só uma coisa, quando exerceste o pastorado, quando me pastoreaste, achas que não estavas a exercer (e muito bem) autoridade sobre mim? Pastoreaste sem autoridade nenhuma? Como é que pregaste? Pedias orientação a Deus antes de pregar? Porquê?
A minha tese (e por aqui me fico) é que precisamos de autoridade, mas também sabemos que não temos autoridade, logo, pedimo-la a Deus. Só Deus tem a autoridade. É desta autoridade que creio que existe na igreja. Encontro-a em todo o texto Bíblico.
Hello!!
Para não moer o diálogo, não vou voltar a repetir todos os argumentos que uso no meu artigo que se encontra neste link http://vidaemabundancia.blogspot.pt/2012/10/lideranca-crista.html . No meu entender, respondem às questões que colocas.
Em relação ao tempo em que pastoreei, procurei fazê-lo, sem exercer autoridade, porque biblicamente entendo que não me foi delegada. Procurei apontar para a autoridade que a Bíblia tem em si mesma. Se o fiz bem ou não, é outra conversa.
Só mais uma referência para reflexão: idoneidade e maturidade não são autoridade.
Um grande abraço!
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