Confesso que ainda não consegui voltar a escrever organizadamente. Até que ponto isso é fruto da nossa adaptação na nova terra, ou então pura preguiça, não sei.
Admiro, no entanto, aqueles que conseguem manter um ritmo constante de escrita.
Para uma pessoa como eu, tudo que é trabalho gradual, constante, vagaroso, "maratonoso", é um enorme desafio, mas ao mesmo tempo, um grande sonho a alcançar.
Não tenho conseguido...
Mas nesta época, não vos venho falar dos meus falhanços. Antes, quero tentar expressar o que Deus tem clareado na minha mente acerta da época que vivemos.
Nos meus tempos de jovem imberbe, sempre que pensava na crucificação, ficava num impasse.
Se Deus é o Senhor de tudo, Se Ele não tem que responder a ninguém e se Ele quer salvar a sua criação, porque é que teve que existir a cruz? Ainda maior a dificuldade quando se ensina que foi Ele próprio quem foi à cruz. Pensava nisso com temor... mas, ocasionalmente, parecia-me um "espectáculo" montado para mim (sendo que mim refere-se a Deus). Um acto que, na minha mente, não tinha obrigatoriedade de existir, e Deus fá-lo, porque, ensina-no a Bíblia, o preço do pecado tinha que ser pago. Mas quem exige esse preço é o próprio Deus.
É pouco provável que nestas linhas tenha conseguido exprimir o que, de facto, pairava no meu coração.
Deus começou a explicar-me o sentido da cruz. E eu passei a amá-lO mais.
A cruz foi essencial e imprescindível para a nossa reconciliação com o Senhor porque a nossa ofensa a Deus não foi uma ofensa metafórica. Quando a Bíblia ensina que "todos pecamos", Ela quer dizer que, todos traímos o Senhor, desobedecemos, afastámo-nos dEle e perdemos a comunhão com Ele.
Nada disto é linguagem figurativa, nada disto é "faz de conta". Ou seja há uma dívida real, palpável do homem para com Deus. Temos que levar o nosso pecado mais a sério.
A segunda lição que aprendi é que, Deus quer resolver este assunto.
"Então porque é que Ele não "passa por cima" disto tudo e fica resolvido?"
Pela mesma razão que qualquer coisa que é oferecida a alguém tem um custo. Mesmo que seja um rebuçado. Se eu ofereço um rebuçado a uma criança, o rebuçado não foi de graça... foi de graça para a criança, mas eu tive que pagá-lo.
Se assim é para coisas insignificantes, muito mais terá que ser para o que diz respeito à alma, à eternidade, ao relacionamento com Deus.
Para sermos perdoados por Deus, alguém tem que assumir a gravidade do nosso pecado. Primeiro, porque nós ofendemos, de facto, a Deus. E em segundo lugar porque Deus é justo, e a justiça de Deus tem que ser levada a sério.
Sendo assim, das duas uma, ou não somos perdoados e pagamos o castigo do nosso pecado, ou somos perdoados porque alguém pagou o castigo do nosso pecado. Mas no fim das contas, o castigo tem que ser pago por alguém.
Por isso é que a cruz teve que existir. Só pensa que não há razão para a cruz quem, ou não percebeu ainda a gravidade da ofensa que cometeu contra Jesus, ou então não sabe o que é justiça verdadeira.
O Evangelho entra aqui. Eu amo mais a Deus porque Deus me permitiu perceber o que vou dizer a seguir.
É que para pagar o preço do nosso pecado, que Deus exigia para que pudéssemos voltar a ter comunhão com Ele, foi o próprio Deus quem se ofereceu para resgatar o ofensor.
A cruz foi imprescindível, imerecida, mas também a razão pela qual cada vez mais amo o meu Senhor.