sexta-feira, abril 19, 2013

O Apóstolo

"Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus: a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,"
Efésios 1: 1-2



Uma introdução a uma carta é sempre algo revelador. Ali vemos se a pessoas têm intimidade, que tipo de pessoa é que escreve, que tipo de pessoa recebe, se são familiares, se são familiares que se dão bem, se é uma relação “politicamente correta apenas, etc.
Quando há grande familiaridade, basta um “querido fulano” para se começar a carta. Não são necessárias palavras “caras”, nem formatações específicas, nem carimbos, nem outras coisas assim, para que se valide a carta.
Quando não a há, então, são outros os procedimentos. Até existem minutas para servirem de orientação na composição dessas cartas. A formatação, os termos, os prefixos, os sufixos, são todos imprescindíveis e sem eles a carta, poderá nem ser lida.
Nesta introdução vemos muito do que Paulo é. Vemos não o só o que Paulo é mas também vemos o que Paulo é em relação aos leitores da sua carta. Também vemos, nesta introdução, o que é que a igreja deve ser. E finalmente, vemos, nesta introdução, que sentimentos devemos ter para com os outros.

Paulo chamava-se apóstolo. Apóstolo significa “enviado”. Aliás, noutras cartas, para Paulo, é importante argumentar claramente acerca da sua autoridade apostólica.
Isto significa que Paulo era alguém enviado por outrem. Não tinha sido a sua vontade que o tinha levado até ali, antes, ele tinha sido mandado para ir.
Mas não é o apostolado de Paulo que me chama atenção. Porque podemos alegar que não somos apóstolos, há até quem creia que os apóstolos foram só os que viveram no Novo Testamento, os que viram, pessoalmente, o Senhor Jesus.
O que me chama atenção, mais do que saber que Paulo abdica da sua própria vontade para conduzir a sua vida, é a pessoa a quem ele entregou este caminho.
O que fazemos, onde trabalhamos, onde vivemos é a vontade de quem?
O que Paulo nos diz é que, ele era quem era, porque Deus quis que ele fosse quem fosse. Ele tinha abdicado da sua vontade, para a entregar a Deus.
Nós alegamos as mais variadas razões para sermos como somos. Alegamos a nossa personalidade, traumas, doenças, culpa dos pais, educação, terra onde vivemos, etc.
Mas raramente dizemos que somos assim porque Deus quis.
Aprendemos com Paulo a sermos o que Deus quer que sejamos. Aprendemos a matar a nossa vontade e os nossos planos para que sejam os planos de Deus a vingar. A nossa opinião é posta em segundo plano para que seja a do Senhor a vingar.

quinta-feira, abril 11, 2013

A autoridade



"Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos,  mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação. "
I Timóteo 2:9-15


Existe, constantemente, uma reacção negativa, por parte de alguns que não crêem na liderança do homem no lar e também dos que crêem que a consagração ao pastorado feminino é da vontade de Deus (poderão ser pessoas que crêem em ambos ou que apenas crêem em um destes items), que – ia dizendo – o ensino accerca da liderança do homem é um ensino de inferioridade para a mulher.

Creio que não existe inferência mais equivocada possível. Aliás, esta conclusão só pode ter quem ou tem uma ideia errada acerca da imagem de Deus, ou acerca da liderança como está ensinada na Bíblia.

Obviamente, não serei extensivo na apresentação de textos Bíblicos, porque muitos se repetem na mesma ideia, e porque não quero tornar este artigo grande demais.

Em Génesis 1 lemos acerca da criação do homem e da mulher. No versículo 27 lemos que ambos foram criados à imagem de Deus. Logo, ambos são, desde a criação, portadores da imagem de Deus. Ambos têm a mesma importância, ambos devem reflectir o Senhor Deus, de alguma forma, no plano que cada um recebeu do Criador.
Este último ponto é de grande importância.
Imagem de Deus (que portamos) não significa só que temos espírito, razão, nem que somos dominadores da terra, mas também significa que, no homem, na mulher e na relação entre eles, deve-se reflectir o próprio Deus.
Deus é comunidade. Pai, Filho e Espírito. O Pai enviou o Filho e o Filho obedeceu ao Pai (Mateus 10:40, João 3:16, João 4: 34), Jesus enviou o Espírito e o Espírito fala do que Jesus ensinou (João 14:16, 26). Estes textos falam de parte do relacionamento que existe na Trindade.
Foi à imagem deste Deus que fomos criados. Curiosamente uma marca da imagem de Deus no homem é a família, o sermos seres relacionais e a igreja, que por sua vez é o corpo de Cristo.
De que forma é a Trindade tem alguma implicação na forma como vivemos a vida?
A vida deve ser uma imagem da Trindade.
Por isso entende-se a liderança na família e a liderança na igreja.
O ensino Bíblico acerca da liderança vem na sua génese da Trindade.
Apesar de haver, como nos indicaram os textos Bíblicos acima, liderança e submissão na Trindade, não há, porque a Bíblia não ensina assim, superioridade nem inferioridade de nenhuma daquelas pessoas.
Logo, a liderança Bíblica não é uma posição de superioridade, antes, é uma função. Mas sejamos claros, ela existe e é claramente ensinada pela Palavra.

Por vezes a falha de interpretação vem com a má leitura da crítica que Jesus faz em Mateus 20: 25. Note-se que ele não está a abolir a liderança, antes está a definir essa mesma liderança. Quando diz: “entre vós não será assim.” Não está a dizer que não haverá líder, mas que a liderança entre nós não será com é no mundo.
Cremos que deve haver liderança na igreja e que essa liderança deve exercer autoridade, mas é o Senhor quem tem autoridade (Mateus 7: 29; 9: 6; Marcos 13:34; Romanos 13:1-3). A autoridade, então, é delegada por Deus ao líder/ Pastor/ Bispo/ Presbítero (escolham a denominação que mais voz apraz).

Se não houvesse liderança, ou se a liderança não usasse autoridade, como seria a igreja? Quem é que admoestava, disciplinava, ensinava? Toda a igreja? Crentes maduros e imaturos? Idóneos e néscios?
Não podemos crer na demagogia de uma igreja que tem toda a pretensa “maturidade” para tratar dos seus acefalamente, nem numa revelação comunitária dirigida a um corpo composto por membros espirituais, carnais e até perdidos. Nem nós, nem o Senhor acredita nisso. Por isso é que Ele designou a liderança à Sua igreja.

O ensino que temos, por outro lado, e como já se disse, é que a liderança não deve ser como é no mundo. A saber, imposta, forçada, autoritativa, sem ser exemplar.
Em I Tessalonicenses 3: 7-10 a autoridade era assumida por Paulo. Ele tinha autoridade, mas a diferença é o tipo de liderança que Deus quer que tenhamos. Uma liderança de exemplo.
Textos como, Tito 1:5- 11; Actos 20: 28- 31 e I Timóteo 5:17, não deixam qualquer margem de dúvida para que percebamos duas coisas.
Havia liderança na igreja e a liderança da igreja exercia autoridade. No entanto, não há sítio nenhum em que sejamos levados a crer que os líderes eram superiores aos restantes cristãos.

Em forma de conclusão, Deus designou liderança na família, e liderança na igreja. Ambas são imagens dEle próprio.
O homem é quem tem sobre os ombros esta função. O homem é o líder no lar (Efésios 5 22-31, Colossenses 3: 18- 19, I Pedro 3: 1-7). E como não poderia deixar de ser, porque é claro na Palavra (I Timóteo 2: 9-15, I Coríntios 14, Tito 2: 1-5), mas porque é um caminho lógico, o homem também tem esse ministério na igreja.

Nada disto, significa que o homem seja superior à mulher, quer sim dizer que é diferente da mulher.
E a diferença entre ambos é que, no fundo, é a razão disto tudo. Se fossem ambos iguais, porque é que Deus tinha criado homem e mulher? Só para procriação? Quais são as diferenças entre ambos?

quinta-feira, abril 04, 2013

Parece que no post anterior tive problemas no processamento do texto. As nossas mais sinceras desculpas.

O contexto



"Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão; salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação."                       
I Timóteo 2: 9- 15

A mais comum interpretação a este texto é que ele era destinado a uma circunstância cultural específica. Ou seja, este ensino era destinado aquela igreja naquela altura, porque haviam falsas profetas, então, na igreja a mulher não deveria ensinar. Esta explicação parece-me fraca, apesar de ser confortável, e por vezes até bem defendida. Melhor do que eu, com certeza, defenderei a minha causa.
Primeiro problema 
Imaginemos, então que sim, este ensino era cultural e o critério era: se há falsos mestres mulheres, as mulheres não devem ensinar na igreja.Não seria de esperar que os homens também não ensinassem? Sempre houve falsos mestres, falsos profetas masculinos e nem por isso a Palavra, em alguma altura, se refere a que o homem não ensine.
Segundo problema
Continuando a "ir à bola" com a ideia de que é cultural...Estamos a dizer, então, que na nossa cultura não existem falsas profetizas, nem falsas professoras.                                                                                                           Estão a falar a sério?
Terceiro problema
Não creio que seja um ensino cultural. O contexto imediato do texto que citámos acima fala da oração de devemos a todas as classes de pessoas. A "reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda a piedade e honestidade." O cristianismo estava "nas mãos" do povo, e facilmente poder-se-ia tornar uma crença elitista, excluindo os poderosos. 
Em alguns círculos, ainda hoje, existe uma tendência para marginalizar os mais ricos ou mais poderosos. A fé também é para os poderosos e ricos e autoridades, e por eles também devemos orar.
Não é este, no entanto, o ponto que quero salientar. 
O que quero é perguntar: qual foi o critério para dizer que até ao versículo 8 do capítulo 2 não é cultural e do versículo 9 em frente é cultural?
Entramos, assim num caminho muito perigoso quando interpretamos desta forma a Bíblia.
Não nego que a interpretação que proponho também não apresente dificuldades. Apresenta certamente. Mas toda a Bíblia é Bíblia, e toda ela a Palavra de Deus. Sendo pastor de uma igreja, que por diversas razões, ainda não vive plenamente em obediência a estas instruções, sinto temor para que, pelo poder do Espírito Santo, de forma mansa e com toda a igreja na compreensão do perfeito plano de Deus, possamos, dia-a-dia caminhar rumo ao que o Senhor tem designado para a Sua igreja.
Uma coisa é certa, não será por força, nem será por imposição. Deus fará o trabalho.
Finalmente, espero conseguir ir explanando outros aspectos do texto acima apresentado, para, desta forma, também eu contribuir para a discussão deste tema.