terça-feira, junho 19, 2012

... é para quem não se preocupa com isso.

"... quem é o maior no Reino dos céus?"... "...aquele que se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus."
Mateus 18: 1, 4

Creio que a ideia geral que quero transmitir é bastante óbvia tendo em conta os textos Bíblicos e o título que dei ao post.
Mesmo assim, quero escrever. É para isso que isto serve...

No seu livro "Think", Pipper observa que, Jesus não está a dizer, aqui, que as crianças são os exemplos maiores de fé que todos nós deveríamos seguir. As crianças são mais falíveis do que os adultos. São, para além de muitas outras coisas, naturalmente egoístas, se não forem ensinadas a serem o contrário e são (como dá a entender a sua denominação) infantis. O próprio Jesus não era uma criança. Seria, portanto, ridículo pensar que as crianças é deveriam liderar a fé. Não é esta a intenção do Senhor ao trazer para a discussão o exemplo das crianças.
Por outro lado, as crianças são exemplos impecáveis de humildade.
Porque será? É fácil perceber que, alguém que ainda está a aprender tudo, que depende completamente de outros para ter qualquer coisa, alguém que ainda nunca foi independente (esta é a única forma de vida que conhece), e a quem os outros, com muita alegria, ajudam, esse alguém seja tendencialmente humilde.
É que, no fundo, toda a sua vida é claramente dependente dos pais, familiares, professores, de toda a gente.
Aqui, a palavra "claramente" é importante. Para a criança, a dependência em terceiros é perfeitamente assumida, e assumida também a sua inevitabilidade. A assunção de dependência é de tal forma que a criança, numa deturpação desta visão, pensa que os outros têm a obrigação de os servir. Juntando a isto, o facto de ela nunca ter sido independente (facto, que em grande parte dos exemplos, faz com que apesar de podermos ser dependentes de alguém, a certa altura da vida, não ficamos humildes de repente), resulta em uma vida humilde na sua melhor condição.

A humildade de que Jesus fala aqui (sendo a criança o seu paradigma), não é a humildade do "coitadinho" que não pode fazer nada, que precisa de todos e que todos têm pena dele. Não, a humildade aqui é um misto de descanso confiante no pai, porque sabe que as suas necessidades serão preenchidas, com uma despreocupação inocente do que não é do seu respeito.
A criança não se preocupa com a comida, com as notas que recebe no jardim de infância, com a roupa que vai vestir, com o tempo que vai fazer, etc.
A criança, aqui, é o elemento, aparentemente, mais fraco da equação. é quem se escandaliza, mas também é quem, como as ovelhas, nem sempre sabe bem para onde ir.
O coração humilde percebe que é pobre (não que que tem de se tornar pobre... pobres já somos todos, e no entanto, a boa notícia, nesta pobreza, é que somos aceites por Deus), fraco e, sendo assim, não tenta fazer nenhum tipo de "espectáculo para provar, erradamente, o quão bom pensa que é. 

Segundo Jesus, o maior no Reino dos Céus é o coração da criança.
O coração que não faz a pergunta que os discípulos fizeram inicialmente.
 
Não sei se também fazem a mesma leitura que eu, mas vejo aqui uma forte resistência a tudo o que é auto-promoção, desejo de ser conhecido, desejo de aplausos, demonstrações (como se fosse arte circense) de teologia, profunda, às pessoas com quem falo, para impressionar.
O maior no reino dos céus é o que pede o "Pão de cada dia...", é o que não se preocupa com a sua reputação e perdoa sem lhe ser pedido perdão, é o que descansa e obedece ao Senhor até nas coisas que ele sabe que podia alterar, mas principalmente nas que não lhe dizem respeito.

A Glória no Reino dos Céus, neste sentido, é para quem não se olha muito ao espelho, nem quer saber como é que os outros olham para ele.

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