quinta-feira, novembro 29, 2012

Ainda sobre a Graça...

Mas desta vez ligando-a um pouco mais com o pecado.
Ainda penso na forma como lidamos com a Graça de Deus.
Se por um lado ela é algo que nos é agradável, porque é uma oferta, porque não é algo que se tenha que conquistar, por outro lado, eu tenho em mim uma sede de conquista e de merecimento à qual a Graça de Deus é incompatível. J.I. Packer sublinha isto muito bem.
Aceitar a Graça é perceber a minha pecaminosidade, a minha miséria, é chegar à conclusão de que estou irremediavelmente condenado, sem luz ao fundo do túnel. Nesta situação, o pecador anseia por algo que o socorra, por uma luz ao fundo do túnel, por uma mão que o tire do lamaçal. Esse algo é a Graça de Deus.

Notem que, se o pecador não perceber a sua miséria, se pensar que até é uma boa pessoa, que está no bom caminho, que busca a Deus (Por vezes pensa que é só questão de tempos para O encontrar), a Graça de Deus não é desejada nem necessitada (ainda que não de forma assumida) porque não é necessária, pensa o sujeito.
Se acho que não me é necessária a Graça de Deus, então não a recebo, não sou agraciado por Deus, que faz com que, também, tampouco serei gracioso com as outras pessoas.

Creio que esta é uma das catástrofes do nosso tempo. Estamos cheios de pessoas religiosas que pensam que são "boas pessoas", mas que não se colocaram nas mãos de Deus para receberem da Sua Graça e Misericórdia. Logo são pessoas que, por não terem sido afectadas por tamanho perdão, também não perdoam, também não são graciosas nem misericordiosas, antes, tendem a ser altamente julgadoras da ética do próximo. Isto não é cristianismo, nem fé, nem igreja. Para sermos Igreja Cristã temos que ter sido pecadores miseráveis, sem remédio, e que, de forma sobrenatural, tenhamos sido atingidos pela imerecida Graça e misericórdia de Deus.

R.C. Ryle, por outro lado, ensina que, vemos desta forma a importância da Graça de Deus. Pela gravidade do nosso pecado. O hábito que temos de minorar a ofensa a Deus, quando pensamos que o tempo vai curar, que Deus não ficou assim tão ofendido, só tem um efeito: Rejeitarmos a Graça de Deus, porque não achamos que estamos assim em tão maus lençóis.

A contrição, o arrependimento, o choro pelo nosso pecado, são, por isso, as melhores coisas que Deus nos pode ter dado, porque são elas que nos levam à Sua maravilhosa Graça.   

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