segunda-feira, junho 24, 2019

Centralidade do Evangelho

Acabei de ler outros dois livros. Um sobre ajudadores, "Lado a Lado" de  Dave Furman e outro sobre parentalidade, "Instruindo o Coração da Criança" Tedd e Margy Tripp.
Estes dois livros, aparentemente desconexos, convergem para uma mesma ideia, a centralidade do Evangelho na nossa vida.
Ao cuidar de pessoas que sofrem, ao aconselhar, acompanhar e conversar, somos tremendamente tentados a colocar o peso da solução na pessoa em si ou até mesmo em nós. Daí que, por vezes, saiam comentários e conselhos que, em vez de animarem o coração da pessoa, apenas a levam para mais um beco sem saída, isto para não falar de momentos em que o resultado é nada menos do que puro desânimo.
Queremos e pensamos que temos de ter todas as respostas na ponta da língua. Queremos ter sempre a palavra "mágica" que vai revolucionar toda a vida da pessoa depois de a ouvir.
Ao fazermos isso, é inevitável cairmos num humanismo barato e por vezes até caro e evoluído, mas não obstante, é sempre humanismo, o homem está no centro.
A solução não está em nós, está sim, na mensagem do Evangelho, na graça de Deus que, mesmo não apresentando uma solução imediata, é a solução efetiva.
Aprendi que muitas vezes o que nos é pedido é apenas sofrer com a pessoa, em silêncio. Não há nada de errado em dizer que não percebemos porque é que está tudo a acontecer. É bom partilharmos a nossa vulnerabilidade de forma clara.
A pessoa que sofre precisa de esperança, mas também precisa de ver valorizado e compreendido no seu sofrimento. O que é que devemos fazer? Apontar para Cristo.
Devemos levar a pessoa que sofre para um Deus de graça que nos ama e que nos dá uma esperança que ultrapassa qualquer circunstância. Lembrar que mesmo na solidão Deus está sempre com a pessoa, e o amor de Deus nunca a abandonará.

Esta centralidade do Evangelho também é primordial na instrução dos nossos filhos. A educação é muito mais um ato contínuo de vida do que apenas momentos esporádicos em que ralhamos com aqueles que Deus nos deu.
Por ser um ato contínuo, educar é uma tarefa dantesca, que só pode ser feita na dependência de Deus.
O Evangelho ocupa o lugar central nesta tarefa porque o maior problema dos nossos filhos, tal como o nosso, não é o seu comportamento, mas o seu coração. Apenas o Evangelho pode transformar o coração.
É importante mostrarmos que somos pecadores como eles, é importante ouvirmos e valorizarmos as suas lutas, é importante vivermos afincadamente o evangelho nas nossas vidas, porque em tudo isto, ensinamos ao coração da criança.
A grande tentação dos pais é condicionar o comportamento sem dar importância ao coração. Mas como é importante que nós pais, despertemos para falar ao coração dos nossos filhos!
Se eles compreenderem que, tal como nós, eles estão num caminho difícil, que envolve muitas batalhas, e que até nós como pais nem sempre as vencemos, a frustração, a revolta e o descrédito pela fé serão diminuídos.
Sabemos que, mesmo educando de forma temente a Deus os nossos filhos, não temos a garantia de que eles serão filhos de Deus, mas essa é a ordem expressa de Deus para os pais que são tementes a Deus.
Não permitamos que seja a escola ou a sociedade a educar os nossos filhos.
Se nós como pais não formos propositados na nossa educação de filhos, garanto-vos que Satanás o é.
Finalmente, o Evangelho ocupa o lugar central na educação, porque a educação é uma forma de discipular as crianças que temos ao nosso cuidado.
A graça que recebemos de Deus, é a graça que devemos demonstrar ao lidarmos com os nossos filhos.

É o Evangelho que deve reger a nossa mente. Ele é central em todas as coisas. É tão fácil, em momentos de provação, de dor, sofrimento, de fraqueza, buscarmos uma solução que nos fortaleça humanamente ou comprove a nossa razão. Em vez disso, sou lembrado que Deus está no controle de todas as coisas, se algo veio à minha vida, foi porque Deus o permitiu, Deus tem um plano.
A minha parte no desafio? Ser-lhe fiel e honrar o Seu Nome.

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