terça-feira, junho 25, 2019

Uma teoria

Eu tenho uma teoria. Não é algo confirmado, é apenas empírico, mas é resultado da minha observação diária às famílias e à sua forma de educar os filhos.

Nunca vivemos um tempo em que, como hoje, tenhamos tantas distrações, ofertas de entretenimento, com tanta qualidade e tão eficazes no propósito a que se propõem, entreter.
É muito fácil distraírmo-nos com um sem número de eventos que nada mais fazem do que nos fazer rir e aumentar o nível de adrenalina no nosso sangue.
Gostamos muito destas atividades, porque nos fazem sentir vivos. No entanto, como os nossos corações estão longe de Deus, estas atividades também contribuem para nos afastar ainda mais deste mesmo Deus, porque colocam-nos, a nós, no centro da vida e não ao Senhor.
O que é que isto tem a ver com a educação de filhos? Muito.
Creio que, como pais, pecamos ao não colocar limites nos atividades "extracurriculares" que oferecemos aos nossos filhos. Pode parecer castradora esta minha opinião, e talvez até seja. Acreditamos que ao proporcionar aos nossos filhos todas as experiências possíveis nesta vida, estamos a contribuir para o seu crescimento saudável, informado e completo. A minha teoria é que ao fazermos isto estamos, de facto, a alimentar um coração distante de Deus que não se deleita, naturalmente, com o maior prazer de todos, que é Deus.
Isto acontece porque os nossos corações são doentes (os dos adultos e muito mais os das crianças), e por isso, temos um grande desequilíbrio nos nossos afetos. Não temos, como pecadores, a capacidade de escolher o melhor bem.
O amor a Deus e o deleite na Sua presença á algo que só uma transformação radical, operada pelo Espírito Santo pode conseguir. Tal como o gosto pela boa música, a boa alimentação, e outra coisas desse género, têm que ser aprendidas, o amor a Deus deve ser ensinado e buscado, contrariamente ao que a nossa natureza deseja.
O problema é que, creio que os pais têm encharcado com atividades e estímulos os seus filhos. Com isto, eles alimentam um coração sedento por entretenimento, que é egoísta e que se rege pela ênfase desmedida nos sentimentos. Contribuímos, com isto para que os seus corações se tornem cada vez mais entretidos, mas também mais egoístas. A criança sente, claramente, que quem está no centro é ela própria.
É exatamente isto que o entretenimento faz, coloca-nos num trono, em que tudo gira à nossa volta.
Quando a criança entretida lida com a fé e com os prazeres de Deus, perde a capacidade de se maravilhar com o maior prazer que existe, pura e simplesmente porque não está educada noutro tipo de prazer que não seja um prazer que revolva à sua volta.
Temos criado uma geração incapaz de se maravilhar e de adorar.
Os líderes das atividades cristãs, tentam, na melhor das suas possibilidades, competir com a atração enganosa do mundo. Atividades com jogos, fantoches, imagens, etc. são o melhor que conseguem. Mas esta é uma luta inglória porque o Evangelho e o prazer em Deus não são entretenimento.
Devemos, como igreja, tornar as atividades o mais atrativas e relevantes possíveis, mas não deveríamos ter a expectativa de trazermos mais entretenimento do que as distrações que profissionais, dedicados ao entretenimento conseguem fazer na nossa sociedade. Pura e simplesmente, o entretenimento, por si só, não deve ser o nosso alvo, mas sim Deus.

A ordem Bíblica em Deuteronómio 6 não é para encharcarmos os nossos filhos com todo o tipo de experiências possíveis. A ordem que ali temos é para os enchermos da Palavra de Deus.
Creio que temos pecado em estimular em demasia os nossos filhos com atividades que apenas entretém, que "não têm mal nenhum", mas que, ao mesmo tempo, também não levam os nossos filhos aos pés do Senhor.
Creio que, como pais que querem levar os nossos filhos a temerem o Senhor, temos que os proteger de muitas atividades "inocentes", temos que dizer não a muita coisa que vem à nossa porta, temos que limitar os nossos filhos de muita coisa que apenas vai alimentar o seu egoísmo e a sua sede por entretenimento vazio.
A nossa função é guiá-los para um relacionamento com Deus e ajudá-los a educarem os seus corações para amarem a Deus e assim conhecerem o maior prazer do mundo.
Devemos ensinar que o jogo de futebol não é mais importante do que congregar em igreja, a festa da cidade não é mais importante que o acampamento da igreja, o filme não é mais importante que a leitura da Bíblia nem que a oração ou o culto doméstico.
Por isso, faltar ao jogo, não ir à festa (mesmo que eles esperneiem), desligar a televisão (repito, mesmo que eles esperneiem), podem ser, no futuro, as melhores decisões que tomámos para ajudar os nossos filhos a conhecerem o Senhor.

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