No primeiro versículo do décimo capítulo de Levítico o povo
Judeu começa a sacrificar ao Senhor como acto de adoração. O sacrifício era de
animais, e apontava para a vinda do Messias (Jesus Cristo) que seria o cordeiro
perfeito para remissão dos pecados do homem. Começou mal.
Geralmente a inexperiência leva-nos a erros de palmatória.
Não foi este o caso. O erro de palmatória é aquele que é feito na ignorância,
ou na inocência, por falta de experiência. Geralmente não se atribui uma má
índole ao erro de palmatória, antes, tem-se pena do infortúnio que levou a tal
desastre.
Toda a instrução, pormenorizada (tão pormenorizada que, para
o leitor menos interessado, pode provocar alguma sonolência), do Senhor parece
que não produziu efeito no coração de dois dos filhos de Arão.
Em Êxodo 30: 9 lemos acerca de incenso estranho que era
proibido. O Senhor não gastou muito tempo no que não devia ser feito.
Falou, sim, com gravidade acerca da forma como era próprio o
culto. Nisso, Ele foi claro, nisso, gastou muito tempo. Um ouvinte/leitor
atento e consagrado percebe, claramente, que, pela minúcia com que o Senhor
ensina o povo a adorar, está perante um Deus Rigoroso, Zeloso, que é Senhor,
que não se contenta com qualquer coisa, que exige obediência, que é Santo.
Tendo esse conceito bem presente, porque razão haveríamos
nós de aligeirar a adoração perante Ele?
O Filhos de Arão, a saber, Nadabe e Abiú, decidiram trazer
fogo que não era fogo do Senhor.
Que fogo é este fogo do Senhor?
O texto diz que quando Arão entregou o primeiro sacrifício
ao Senhor, veio fogo de Deus que consumiu o holocausto. Não sabemos de onde
veio o fogo. Se veio dos céus, se veio da terra, se era uma forma de falar do
fogo que estava já aceso ali. Lemos, sim, que a presença de Deus fez-se notar e
o fogo do Senhor queimou toda a oferta.
Este era o fogo do Senhor. Outro fogo qualquer era fogo
estranho. Percebe-se que outro fogo seria fogo aceso noutro lugar, fogo
iniciado de outra forma qualquer, fogo que vem outro sítio. Talvez tivesse a
mesma cor, o mesmo calor, aparentasse uma mesma coisa, mas era fogo estranho,
porque não era o fogo que o Senhor tinha determinado.
Foi fogo estranho que os jovens sacerdotes trouxeram para
adorar ao Senhor.
O texto diz que estes mancebos, ao usarem o seu fogo, foram
mortos pelo Senhor.
Surge-me uma questão na mente, será que, sempre que se
ofereceu holocaustos ao Senhor, foi enviado fogo especial de cima? Creio que
não. Também não creio que sempre que, na vida do povo Judeu, alguém serviu mal
ao Senhor tenha morrido. Tal como hoje se alguém mente acerca do seu dízimo ou
do seu testemunho, não cai morto como aconteceu com Ananias e Safira.
Há algo de extremamente sério quando servimos ao Senhor.
A forma como o Senhor tem feito notar essa seriedade é no
seu início. Como se costuma dizer: “de pequenino se torce o pepino.”, Deus
também no início faz-nos ver o que é que está em jogo.
O fogo do Senhor foi miraculosamente lançado pelo Senhor
algumas vezes apenas, a morte, por serviço inapropriado ao Senhor, acontece
apenas algumas vezes, tal como, cair sem vida, porque se mente na quantia que
se oferece ao Senhor, não é prática usual nas nossas igrejas.
Será o Deus de hoje mais mole do que o Deus de antigamente?
Será que dobrámos Deus? Será que Deus também se molda pelos tempos ocidentais
com todo o seu humanismo?
Claro que não.
Os primeiros sofreram para ensino do povo de Deus. Fomos
avisados. Os de hoje sofrerão as consequências do seu pouco zelo, das formas
como Deus quiser, mas, principalmente, no fim dos tempos perante o Senhor
percebendo que a falta de zelo é sinal de que, no fundo, nunca adorámos a Deus.
O que está em jogo na adoração, ou na consagração dos nossos
bens é muito mais do que a nossa vida física.
Deus não amoleceu. O Seu Zelo é sempre perfeito, e isso
vamos perceber quando ficarmos perante Ele, um dia.
1 comentário:
Excelente texto, amigo Ismael.
Um abraço.
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