quarta-feira, maio 23, 2012

Trying to make a case

"Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para que a graça seja mais abundante? De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?"
Romanos 6:1
O argumento do apóstolo Paulo para não pecarmos não é, desta vez, o castigo de Deus, nem as consequências do pecado. Antes, argumenta com o próprio Evangelho.
Quem foi convertido, quem nasceu de novo, quem passou da morte para a vida, quem é salvo, morreu para o pecado. É uma afirmação. Não é uma possibilidade, nem é uma tarefa e nem tão pouco é um esforço que fazemos pela vida a fora.
Os salvos não permanecem em pecado porque já morreram para o pecado.
Depreende-se que, se permanecermos em pecado, se nunca se der uma volta de arrependimento, se nos sentirmos confortáveis com o pecado, de forma que poderíamos viver sempre assim, então não somos salvos.
É como lemos em Hebreus, em dois textos específicos:
"Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outras vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificaram o Filho de Deus e o expõem ao vitupério."
Hebreus 6: 4-6
O escritor aqui ainda avança mais um pouco. Ele fala da possibilidade de provarmos, de sermos iluminados e de sermos participantes das bênçãos celestiais (como por exemplo o cônjuge do filho(a) de Deus em I Coríntios 7: 13- 14).
Na nossa experiência, conseguimos sinalizar, facilmente, alguns que sempre andaram no meio da igreja, uns até foram baptizados, até lideraram ministérios, mas depois de algum tempo notou-se que não produziam "frutos dignos de arrependimento". Essa era a sua forma de viver. Mas ao mesmo tempo, agiam de forma externa igual à maioria das pessoas que ali comungavam. Eventualmente essas pessoas, ou tornam-se frias na sua fé vivendo de forma religiosa, ou então abandonaram a igreja. São essas pessoas a que o escritor de Hebreus se refere neste capítulo.
Porque, o mais sério ainda está para vir.
Se ele se estivesse a referir aos cristãos, salvos, Filhos de Deus, que nasceram de novo, ele também estaria a dizer que, se eles caírem, já não há recuperação possível.
Sempre que se fala da suposta perca da salvação, também se fala de uma recuperação dessa mesma salvação. Este texto diz que isso é impossível.
Mas ele não fala dos salvos, fala dos outros de quem falei acima.
Os salvos, esses, preserverarão até ao fim (Marcos 13:13, Filipenses 1:6, Hebreus 10:14, entre muitos outros). 
Tendo isso em mente, compreendemos melhor o que se lê no capítulo 10 do mesmo livro:
"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há-de devorar os adversários. (...) De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o Sangue do Testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? (...) O Senhor julgará o Seu povo. Horrenda coisa é cair nas mão do Deus vivo."
Hebreus 10: 26 - 31
Dois apontamentos apenas:
Primeiro, estes que receberam o conhecimento da verdade e que foram santificados, encaixam perfeitamente no grupo de pessoas que Hebreus 6 fala. Tal como Romanos 6 nos diz há impossibilidades que o novo nascimento cria.
Segundo, a expressão "Deus julgará o Seu povo", refere-se ao povo visível, à igreja que e vê, tal como se lê em Ezequiel 34:17, ou em Romanos 9: 6, ou como temos todos visto acontecer nas nossas igrejas, nem toda a igreja visível é salva.
"Trying to make a case" de que a salvação oferecida pelo Senhor aos que a recebem, é segura, e nada nos fará perdê-la.
A interpretação de Hebreus 10 teve a orientação de John Pipper, Hebreus 6 e Romanos 6, a orientação de muitas conversas com amigos e leitura de alguns comentários ao longo te algum tempo. Não anotei toda a bibliografia.
Isto não é original meu.

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