quinta-feira, junho 30, 2005

A escolha

- Se fosse para a América, seria bem aproveitado! - Era algo que ele dizia com muita frequência. Este pequeno homem, marceneiro de ofício, era artista no que fazia. Diziam que como ele, na freguesia, não havia quem fizesse melhor os arados e as cangas para as juntas dos bois.
Era também possuidor de uma mente engenhosa. Um dia, a minha mãe ainda não tinha nascido, ele propôs-se a fazer um berço "à corda". Dava-se corda, e o berço embalava sozinho. A minha avó nem acreditava
- Tás louco Bernardo, agora já se viu alguma coisa dessas? – Mesmo assim, admitia ela, daria muito jeito se uma engenhoca dessas funcionasse.
Roldana mais roldana, corda aqui e ali, e pronto:
- Já podes pôr o bebé no berço, Evangelina! (…) Dou corda aqui e vamos lá a ver… - De facto, o berço funcionava, mas era tão forte o ruído que fazia, que o recém-nascido nem dormia.
Numa outra vez foram uns auscultadores que ele quis fazer. Eram como que um capacete que se enfiava na cabeça das pessoas. Havia uma certa pressão para que todos experimentassem o engenho, de tal forma, que diziam as vizinhas da minha avó, sempre que iam lá a casa:
- Quela (expressão endémica que significa uma interjeição, “Mulher!”), toda a gente que vai a casa da Evangelina, tem que ser coroada…
Era um homem com hábitos caricatos, sempre que começava a comer partia a carcaça (chamado de “papo-seco” nos açores) em quatro partes, e por cada metade da carcaça que partia, elevava o pão e dizia “dominu sté com..”, ou qualquer coisa assim, só sei que era latim, usava o mesmo canivete sempre para tudo o que fazia e servia-se de muito açúcar para adocicar o seu café, tanto que a colher ficava em posição vertical, sem tocar nas paredes da caneca, apenas suportada pela base de açúcar colocada.
Marceneiro era ele, como já disse, era muita a gente que em tempos ia lá para mandar fazer as suas alfaias. Agora, tudo era comprado na cidade, e ele já estava cansado da vida.
Mesmo assim, essa mente engenhosa, de que vos falei há pouco, nem sempre, como todas as mentes engenhosas, era igual às outras mentes. Muitas vezes a minha avó, sua irmã, brigava com ele, porque, ou tinha gasto todo o dinheiro em biscoitos, ou porque tinha falado sem educação a alguém, mas a maioria das vezes era porque trazia um ferro qualquer que encontrava na rua, ou qualquer pedaço de lixo.
- Então Bernardino, o que é que vais fazer com isso? Não vês que isso não presta para nada? – e então vinha a resposta dele, a máxima que serviu para toda a vida deste meu tio Bernardino, - Evangelina, isto pode vir a ser preciso…
Sentava-se depois de comer, sempre que não ia para a sua “tenda”, que era como chamávamos a oficina dele, numa cadeira situada no hall de entrada. Por isso, a primeira pessoa que víamos sempre ao entrar em casa da “vóvó”, era o tio Bernardino de bengala em punho cravada no chão e encostada à barriga.
Quando eram conhecidos os que batiam à porta, ele cantava: “entrai, entrai oh pastores…”. Quando eram desconhecidos ele nem pronunciava palavra.
Regra geral, ele gostava quando íamos brincar para a sua tenda. Gostava mais que fosse o meu irmão do que eu. O meu irmão era mais engenhoso e tinha muito jeito com a madeira. Fazia carrinhos de ladeira, aviões, fazia carroçarias para outros carros telecomandados (com um fio, bem entendido), que ele construía, aproveitando os motores dos carros que abria.
Eu, por outro lado, sempre fui diferente, sempre que chegava à tenda do tio Bernardino, não ficava lá muito tempo, talvez por isso, ele não encontrasse tanto gozo na minha presença quanto na do meu irmão. Chegava lá, e pegava logo numa roda de esferovite, ele tinha lá muitas dessas. Nem sabia donde as tinha arranjado, com certeza era um dos frutos resultantes da sua filosofia de vida; “tudo se aproveita, porque pode vir a ser útil”, aliás, a sua tenda era composta por uma “parafernalia” de objectos sem sentido e de todo o feitio. Uns, percebíamos logo que dali, apenas iriam ficar com mais ferrugem e seriam mais tarde atirados para o lixo, outros, bem, talvez, talvez pudessem vir a ser aproveitados.
De resto, era uma tenda pequenina, com todos os utensílios necessários para a arte do meu tio. Utensílios antigos, nada de modernidades, nada de máquinas, mas eram decerto suficientes. Ia-me esquecendo de dizer o que fazia com a roda de esferovite, é que distraí-me com a descrição da tenda do meu tio.
Eu pegava no rolo de esferovite e cravava lá o máximo de pregos que podia cravar. Depois, ficava a olhar para a bela obra que tinha feito. Era mesmo só isto, não havia intenção nenhuma nesta minha façanha, nem uma intenção estética nem nada. Era simples patetice, depois, ia-me embora para casa…
De vez em quando, aparecia lá um senhor amigo do meu tio, era alcunhado por “Amarromacho”, e fazia a terra a meias. O que a terra produzisse, metade era dele. Ficavam a tarde inteira a conversar, sobre o nada. Quando eu chegava lá, ele perguntava sempre ao “Amarromacho”:
- Olha, queres comprar este rapaz? Ele está à venda - Depois riam-se, eu também me ria.
Ele, era Católico, e nós, Evangélicos. Não sei se foi, mas deve ter sido um choque muito grande para a família da minha mãe aceitar essa realidade. O meu tio, não se consolava, queria que eu fosse Católico.
Várias vezes, falava comigo para que viesse a mudar para a Igreja Católica.
- …Porque toda a gente está lá… porque vocês não têm procissões, nem festas na rua, nem o bodo que dá o pão… - Argumentava ele, na sua apologética.
Admito, que por vezes, claudiquei com os meus oito anos de idade. E dizia à minha mãe:
- Mamã, quero ir para a igreja do Tio Bernardino. - Ao que ela sabiamente respondia: - Enquanto fores pequenino a mãe escolhe por ti, e vais onde a mamã disser, depois, fazes a tua escolha, está bem?

quarta-feira, junho 29, 2005

Crescimento II

O meu grande amigo Nuno (ele e a sua esposa foram pais ontem, por isso, estão de parabéns) costuma comparar o crescimento ao desenvolvimento muscular.
Sempre que fazemos esforço físico, se não estivermos habituados a tal, no dia seguinte ficamos com dores localizadas nos músculos que mais esforço fizeram. Isso acontece porque a carne dos músculos rasga para crescer, por isso, a dor…

Crescimento

Comparo a vida a uma passadeira, daquelas que existem nos ginásios (fui lá durante três meses e depois fiquei farto), em cima das quais nós corremos, corremos, mas nunca saímos do mesmo lugar.
O problema é que, por vezes, sinto que a passadeira corre a uma rotação que as minhas pernas não conseguem acompanhar.

terça-feira, junho 28, 2005

O convite

Se tivesse uma casa própria, em que de mim dependesse a sua manutenção, arrumação e pagamento da renda, embelezá-la-ia com especial atenção, sempre que alguma visita "especial" fosse minha hóspede.
Seriam casos de visitas formais, pouco naturais. Provavelmente não agiria com a naturalidade quotidiana, preocupar-me-ia em colocar a minha "máscara" mais bonita e agradável, trataria o convidado com cerimónia, e no que me fosse possível, respeitaria todas as regras de etiqueta e de boa educação.


O meu amigo vem-me visitar, combinámos ver "a bola" cá em casa. Comprei aperitivos e bebidas, para o "jogo não ficar seco demais".
O meu quarto, a sala, a cozinha, estariam como sempre estão quando estou sozinho em casa, meio arrumados, ele não é de cerimónia, é meu amigo...
Seria exactamente como sou. Uma noite muito bem passada a rir, contar histórias, discutir futebol, de vez em quando um arroto aqui ou acolá, mesmo que não tivéssemos guardanpos não faria mal, limpava-se a boca com a toalha da mesa.
Este seria um grande encontro, verdadeiro, sincero, creio que seria o típico serão passado com um grande amigo. Em suma, este meu amigo é que seria a visita verdadeiramente especial.



Gostaria de passar serões assim com Deus, mas creio que muitas vezes trato-O como sendo a primeira pessoa. Creio que Deus gosta muito de entrar na nossa casa desarrumada para ver "a bola" connosco.

Publicidade enganosa

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que de o seu Único Filho, para que, todo aquele que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna."
João 3:16

Sempre que leio publicidade que oferece "mundos e fundos", repleta de asteriscos e notas de rodapé com letras minúsculas, penso como o santo ao lidar com a oferta demasiadamente generosa.

O amor de Deus, por nós, não tem asteriscos nem notas de rodapé, está tudo muito claro e em letras legíveis na Sua Palavra.

segunda-feira, junho 27, 2005

Nisto sou liberal

Quero promover a liberdade de expressão, mas isso tem os seus preços...
Ao decidir permitir que me comentassem os posts, ao mesmo tempo decidi não apagá-los, também para isto existe um preço elevado a se pagar...
É que tenho recebido cada comentário, cada um melhor do que o outro.
Até já me convidaram para visitar um blogue "gay". Devem achar devem...
Meninas, todas essas minhas fãs que andam à solta pelo mundo desistam, já tenho uma dona.
Tudo isto para dizer que, todas as escolhas que tomamos têm um preço, e eu estou disposto a pagar o preço da escolha que fiz, a saber, sofrer os comentários mais ridículos que podem existir.




Mesmo assim, um dia qualquer farto-me, e "vai tudo pó camandro", como já dizia o outro, acabo com os comentários e pronto.

Pronto-a-vestir

Duas crianças, de escolaridade pré-primária brincam.
- Eu também tenho uma saia dessas, (pausa) está no meu guarda-fatos.
A outra menina permanece calada face à interjeição do emissor.
Continua a iniciadora da conversa:
-Também tenho destas saias em verde, cor-de-rosa, amarelo, e tu não tens.

Deste cedo, o sexo oposto compara as indumentárias de cada qual.
Não me admiro, portanto, da forte simbiose que existe entre elas e as lojas de pronto a vestir em idade adulta.

domingo, junho 26, 2005

A forca



Cristo foi enforcado, e para cumprimento desse castigo usou a corda que me estava destinada.
O castigo era meu.

quinta-feira, junho 23, 2005

Blogue da 95 teses actualizado

Podem continuar a escrever as vossas opiniões, quanto às mudanças que a nossa vida deveria tomar, nos "coments" deste blogue.
Fico muito agradecido pela vossa participação.

Volto Domingo.
Já há muito tempo que não fazia uma pausa assim.

"The show must go on..."

Bem, meus amigos, desta vez é na Figueira da Foz.
Antes, vou aos gelados na Emanha, depois...




É ocasião para dizer: "Nunca mais é sábado..."

quarta-feira, junho 22, 2005

Dependência

O infante deslumbra-se com a criação de Deus, brinca com ela, quando lida com a criação humana, chora por vezes.
A comprovação de qualidade da obra humana está na sua boa ou má relação com a criação Divina.
Será que os pássaros lá poisam? Será que os sinais do tempo se fazem notar?

Duas ideias centrais:
- O homem é visto sempre em relação ao “Ente Superior”.
- Como somos, querendo ou não, tão dependentes da Tua criação? A qual não controlamos, porque é Tua, logo, somos invariavelmente dependentes de Ti.

Um documento final

Tenho planeado fazer um documento pessoal que reflicta a minha filosofia de vida e de serviço. Será, como devem compreender, um documento sempre inacabado.


O que mais me desagrada nos livros de Teologia Sistemática é terem uma contracapa.

terça-feira, junho 21, 2005

Ênfases

No canto congregacional, somos levados por alguns compositores a cantar.
Dizemos que damos tudo, que todo o nosso ser é d’Ele, que “vamos fazer e acontecer”, tornamo-nos instantaneamente cristãos perfeitos.
Como posso cantar isso, se sei que não sou assim?
Se fosse eu o compositor e sendo sincero comigo mesmo, escreveria alguma coisa assim:

Não te dou tudo, porque não consigo.
Nem sempre penso em Ti.
Tomo decisões, sem antes Te pedir orientação.
Acontece, porque muitas vezes deixo-me cair, e não me levanto como deveria
Queria dar-Te tudo e nunca ficar aquém do que mereces, mas não consigo…
Tem misericórdia de mim!


Prefiro exaltar o nome de Deus, em oposição à minha miséria.
Prefiro pôr Deus em destaque, em vez das minhas obras.

A discussão

Não poucas vezes, Deus argumenta comigo, busca o meu arrependimento.
Invariavelmente, Ele ganha a discussão, mas quando termina parece que sai de perto de mim.
- Porque é que estás a sair, Senhor?
- Porque precisas de decidir…

segunda-feira, junho 20, 2005

Uma proposta que pode pegar ou não pegar...

Proponho-vos uma viagem no tempo, mas também um esforço crítico.
Inspirado nas noventa e cinco teses de Lutero, criei um novo blogue, esse blogue será alimentado por vós, se assim o desejarem.
Passo a explicar, consultem o blogue de que falo e escrevam uma tese na opção dos "coments". Essa tese poderá ser uma frase, uma ideia, ou o que quiserem, mas que seja algo em que creiam que seria necessária mudança, tanto na igreja (instituição), quanto em cada cristão individual.
O meu objectivo é ir publicando os comentários nesse blogue, e quando (ou se) atingirmos as noventa e cinco teses, publicá-las aqui.
Talvez isto nos possa ajudar a pôr no “papel” o que já pensamos há muito tempo.
Contribuam com a vossa opinião, por obséquio.

O blogue das 95 teses.

Este blogue continuará com a saúde que sempre vos habituou...

domingo, junho 19, 2005

Um fim de semana muito especial


Alguns dos meus colegas. Companheiros de lutas, amigos de trabalho, alguns sofreram-me durante todos os quatro anos. Para esses, Deus terá com certeza um galardão especial.
De certo que sentirei a vossa falta...



Horas depois, no mesmo dia, aconteceu.
"... E assim, acontece..."

sábado, junho 18, 2005

Weekend´s Fotolog VI


fotos isma flog 046
Originally uploaded by ismacouto.
Um dos meus professores.
Profeta, servo de Deus e grande amigo.
Na primeira aula que tive com ele, perguntou:
"Qual é a vossa paixão?"
Confesso que fiquei a pensar nessa pergunta até hoje.

À falta de melhor

Meus amigos, os conselhos da ala direita deste Blogue mantêm-se.
Leiam avidamente a Bíblia (apesar de lá não existir o ícone).
As imagens servem apenas para adornar o blogue, não são a sua substância, aliás, quem faz de ícones a substância, incorre no mesmo mal que este blog, só que com consequências mais gravosas.

Casulo

Já passaram quatro anos, e parece que foi ontem que cheguei cá ao "contenente", dos Açores, para fazer o seminário.
Gostava de pôr fotos de colegas meus, mas o sapo parece que está com a paradinha...
O Senhor ensina a paciência.
Dizem os entendidos, que este "fim", não é nada mais do que um começo, só sei que agora é que acho que estava preparado para começar a estudar Teologia. Talvez esta seja uma prerrogativa falsa. Para teologia, nunca estamos preparados, é sempre uma graça de Deus.
Creio que em muitas coisas a vida é assim, depois de as fazermos é que nos sentimos preparados para elas, mas creio também profundamente, que aí é que reside grande parte da beleza da vida. São as supresas que ela tem preparadas para nós
A capacitação para fazer o que não estamos em princípio para tal preparados.

sexta-feira, junho 17, 2005

Pronto

Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias
Já estou de férias

Sobrenatural

Kierkegaard diz que a experiência religiosa é resultado de um desprendimento da nossa necessidade da possibilidade, para nos entregarmos a Deus, "O salto". Acto impossível para o homem, mas a Deus tudo é possível.

Para C.S. Lewis, a grande questão que temos que responder é se cremos no sobrenatural ou não.

A nossa insistência em querer explicar a fé pela razão, vai contra a sua essência. Diria que não temos fé na nossa compreensão da fé.

Desligo

Não gosto de “conversar” com uma pessoa que nunca se cala. Não gostaria de ser Deus a ter lidar com a nossa devoção, litúrgica, é que só falamos…
Desligaria rapidamente.
Silêncio.

quinta-feira, junho 16, 2005

A minha tendência teológica

Não consigo pôr o html sem que os links desçam, por isso digo-vos a minha tendência e acabou-se!
Dizem eles que sou Evangelical Holiness/Wesleyan.

You scored as Evangelical Holiness/Wesleyan. You are an evangelical in the Wesleyan tradition. You believe that God's grace enables you to choose to believe in him, even though you yourself are totally depraved. The gift of the Holy Spirit gives you assurance of your salvation, and he also enables you to live the life of obedience to which God has called us. You are influenced heavly by John Wesley and the Methodists.


What's your theological worldview?
created with QuizFarm.com

O aprendiz

só está satisfeito quando percebe a aprovação do seu mestre.

Culto

A histeria ou êxtase irracional acompanhada da exorcização do nosso senso, como reacção comum ao nosso encontro com Deus, que se reflecte em perdas de consciência e exercícios poliglotas extemporâneos, significa que Deus não é compatível com o ser humano. Daí as reacções ao corpo “desconhecido”.
Antes, Creio que o homem em relacionamento com Deus, no seu encontro com Ele encontra a sua verdadeira humanidade, porque Deus é perfeitamente compatível com o “software” do ser humano.

Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
Romanos 12:2

"...E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente."
I Coríntios 12:31b

quarta-feira, junho 15, 2005

Para não esquecer

Organizem-se em grupos de jovens, grupos de amigos formais, informais, com o pessoal dos copos, da bola, até da ganza, organizem-se, vão buscar pessoas aos valados, às sarjetas, os que querem e os que não querem, idosos, mancebos, donzelas, graúdos, meninos, meninas, façam o que quiserem, mas saibam que o grande sábado é já este que se aproxima.
E como diz o cântico: "...se tu dormires, outro virá e a tua coroa, ele herdará..."



É impressão minha ou este post "tá bué" (só que pior) publicidade da Optimus?

Somos como focas...

à espera da sardinha depois da sua exibição, quando esperamos a recompensa sempre fazemos o bem que devemos.

Não me identifico com ele, mas...

Não venho fazer uma crítica, apenas o que me parece ser uma constatação, se a minha percepção estiver correcta.
Com a vida e influência de Álvaro Cunhal percebo que não é apenas o conteúdo da mensagem que conta, mas muito importante é também a lealdade incondicional e essa mensagem.
Ora, ele ensinou-nos muito nesse aspecto. Temos conteúdo, falta-nos às vezes o resto.
Fosse eu assim com o Evangelho...

terça-feira, junho 14, 2005

Santos populares II

Ia-me esquecendo do momento alto da noite.
A vitória da marcha de Alfama. Tirámos fotos aos padrinhos, Baião e Cinha.
Viva o meu amigo Almirante
"Padrinho, importa-se que tiremos uma foto? e se for com a madrinha também?"

"pronto já tá!"

Santos populares

Fui aos santos populares domingo.
Três coisas ficaram marcadas na minha mente nessa noite popular:
-A insistente menção da plebe, que se encontrava aos magotes, ao arrastão de carcavelos "Aí vem o arrastão."
- O canto da música celebrizada por Herman José, "...és tão boa, és tão boa..."
- Em vez do bailarico que salvaria definitivamente a noite, só se ouviam nas tascas a música da moda.

De facto, há modas que já me escapam um bocado, mesmo assim, ri-me deles, não com eles.

Teoria da conspiração

A história ensina-nos que tendemos a perseguir, se tivermos sido perseguidos. Ora, a grande questão é que fomos perseguidos no passado e agora perseguimos.
Mas perseguimos quem?

Seria até elogioso que quem nos perseguisse (mas não disseste que perseguíamos? Perseguimos ou somos perseguidos? Decide-te rapaz…) fosse exterior à nossa crença, era sinal de que éramos relevantes, mas no entanto, quem nos persegue somos nós mesmos. Tentando amputar qualquer movimento, ou raciocínio, que saia dos “nossos” cânones criados pela história da nossa identidade.
Muita perseguição vem por ignorância etimológica.
O problema é que essa ignorância vem de quem menos se espera.
Onde estão os nossos tão apregoados valores da liberdade de consciência?

Quem semeia ventos...

"Não julgueis para que não sejais julgados."
Mateus 7:1

Se é julgamento que damos aos outros, é julgamento que recebemos.

segunda-feira, junho 13, 2005

Liberdade de escolha II

Somos muito, muito pouco Cristãos na nossa apologia do Evangelho.

Liberdade de escolha

“E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então vem e segue-me.”
Marcos 10: 21

O Jovem rico pergunta o que é que precisa fazer para ganhar o céu. Creio que a palavra “fazer” neste texto é de suma importância. Jesus respondeu à letra. Ele não conseguia fazer o que era necessário. Ninguém consegue fazer o que é necessário para ganhar o céu.
“Ele porém… retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.”
Jesus é só para quem o quer, ele nunca forçou ninguém a aceitá-lo. Por outro lado, Jesus também tinha uma capacidade incomparável de amar profundamente as pessoas. Ele, como mais ninguém conseguia aliar estas duas características.
Jesus, “não teve a compulsão de converter todo o mundo enquanto viveu ou de curar as pessoas que não estivessem prontas para a cura.”
Philip Yancey

domingo, junho 12, 2005

Maquilhagem

Ai que ele não se decide...
Rapaz, vou-te contar uma históriazinha...

Uma miúda estava-se a maquilhar, e o irmão chegou ao pé dela e disse:
- Ainda não percebeste que mesmo que te maquilhes muito continuas feia?

"Quando cai a noite na cidade..."



Queluz à noite, até tem os seus encantos...
Foi no quarto ano cá a morar que descobri este encanto. Queluz, "the city that never sleeps..."
De facto, à noite parece haver mais barulho do que de dia...
Espero que gostem.


Esta foi uma tentativa de artística...



sábado, junho 11, 2005

Weekend´s Fotolog V (Maternidade)

Dos poucos projectos musicais de verdadeiro interesse que se produziram no seio da comunidade Evangélica, grande parte deles nasceram nesta recôndita cave.



Lugar de cheiro extremamente característico, humidade no ar "praí" a uns 99% (creio que nos açores tenho um quarto parecido com este, não, não é o meu quarto, é o meu sótão. Já disse à minha mãe uma vez que o sótão era como o purgatório dos objectos, antes de irem para o lixo tinham que passar por ali).
Mas neste "sótão" é diferente; Bible Toons, Instituição, Comboio Fantasma, Ninivitas, Borbuletas e Borbulhas, et cetera, quem não os conheceu nunca saberá bem o que é a vida.
Tive a oportunidade de fazer parte de uma pequeníssima parte desta história.




Se o berço foi esta cave, o progenitor foi este senhor.



Aproveito o ensejo para vos aconselhar a consultarem este site e a orientarem-se com as datas dos grandes concertos que vão acontecer.
Vai ser um grande Verão.

sexta-feira, junho 10, 2005

Ping-pong

A pensar no descalabro da minha vida aparece, entretanto, o único aluno de uma turma de três alunos. Lembrou-se de uma piada:
O Joãozinho ia para a escola e estava muito atrasado. Quando chegou, disse à professora:
- Cheguei atrasado, porque fui assaltado a caminho da escola.
- Então Joãozinho? Estás bem? - disse preocupada - E o que foi que te roubaram?
- Roubaram-me os trabalhos de casa.





Não chegámos a ter aula. Fomos jogar ping-pong

Cegueira

O cego que ocasionalmente pede esmola na estação de comboio, a certa altura diz a alta voz:
“…a visão dos olhos não é o que conta mais, para Deus conta tudo…”

Descubra as diferenças...II

Patrocinadores preferem sempre construções do que manutenções.

Verão, tempo de horas extraordinárias para os soldados da paz, por causa do que não se fez durante o resto do ano.

O Jovem é expulso da igreja porque não vem aos cultos há cinco meses.

Pastores precisam-se…

quinta-feira, junho 09, 2005

O congresso

Um congresso para falar sobre "Como viver igreja". Tudo normal até aqui...
A igreja modelo tem dez membros e a forma como têm vivido não lhes tem permitido crescer nos últimos anos.
Falar-se-à de adoração, santidade, comunhão, palavra profética e testemunho da fé ao homem errante.

Job

“…Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!”
Job 1:21

Satanás atacou o servo do Senhor com a arma que lhe foi permitida. O seu mais forte ataque foi tocar no poder e na prosperidade de Job, fez isto porque só consegue atacar o homem com as armas que tem. A batalha era pela alma dele, para que negasse o Criador.
Job não o fez. O que o ligava a Deus não era o que tinha sido nefastamente atacado, mas o amor (que satanás não tem, logo, não pode atacar, tenta sim tocar no amor por outros caminhos, mas nunca o directo). O argumento forte de Deus para a nossa permanência nEle, não é a prosperidade, nem o poder, é o amor.
Satanás estava a lutar sozinho.
Sempre que é o amor o elemento principal de devoção ao Senhor, pomos belzebu (que traduzido é: “senhor das moscas”) num campo de batalha só seu, lutando contra si mesmo.
Job não se desviou do seu Criador e veio a conhecê-lo verdadeiramente.

quarta-feira, junho 08, 2005

Berço

Mais de cinco meses longe da minha terra, da minha parentela.
Mais dois se aguardam. O berço materno ainda deixa saudades…

Admoestação

Fui admoestado, uso demasiadas vírgulas e uso-as inconvenientemente.
No meu caso faz sentido, a vírgula é uma pausa. A oralidade influencia a minha escrita.
Sou gago…

O campo da bola

Havia, encostada ao “campo da bola”, lá em São Bartolomeu, um senhor que morava numa quinta. Estas personagens são sempre características nas histórias do imaginário infantil. A casa ao lado do campo… A bola, nunca podia ir para lá, mas parecia que o “raio” da bola ganhava vontade própria em alguns remates.
Íamos todos jogar para lá durante as férias do Verão.
Os meus vizinhos, convocava-os eu, os que moravam lá perto do campo, era o Rogério quem chamava. Estava tudo muito bem organizado, às três da tarde, religiosamente aparecíamos, e lá ficávamos até o último jogador cair para o lado de cansaço. Eram aqueles jogos de, “muda aos dez, acaba aos vinte…” (…) e depois de se cumprir a façanha, “agora vamos trocar de equipas isto tá desequilibrado”, e lá ia mais uma volta.
Quero vos falar do senhor que morava lá nessa quinta. Nunca cheguei a saber o seu nome, nunca lhe tinha visto a cara, mas imaginava-o um homem horrendo, sempre de faca em punho, qual “Jack Estripador”. Diziam que, se ele apanhasse a bola rasgava-a a metade. Haviam dias em que ia jogar com o coração nas mãos, dias como aquele dia em que a bola era a que me tinham oferecido no dia anterior, aquela bola toda brilhante “Mitre”, “ai se ele me apanha a bola… pessoal, nova regra, só vale jogar do joelho para baixo…”
Imaginava-o como um Huno, um Bárbaro. Não poucas vezes, desafiávamos o “poder das trevas” ao irmos roubar laranjas e maçãs, e que boas eram, eram as melhores…


Acontece que, um dia a minha mãe tinha uma visita a fazer e queria que eu fosse com ela, nem sei porquê, ainda hoje não sei o que é que fui fazer nessa visita. Bem, siga…
Estávamos a caminho, quando reparei que era o mesmo caminho que fazia para ir jogar à bola. Será que…? Pois, na “mouche”, estávamos a ir para casa do “homem sem cara”, pior, ao que parecia, a minha mãe conhecia a família, será que eles já me tinham visto? Será que me iam delatar? Comecei a ficar nervoso, tão nervoso que até acho que o senhor disse o seu nome, mas já nem me lembro dele agora.
Entrámos, a esposa dele foi quem nos atendeu. Senhora simpática, ofereceu-nos logo biscoitos e um sumo.
- Se eles soubessem que eu era, oferecer-me-iam algo, sim, oferecer-me-iam biscoitos com “605”, ou seja, veneno para ratos. - Pensava eu, - era esse o biscoito que me ofereceriam. Estava de facto nervoso com o que daria este encontro.
De repente ele aparece. Ao ouvir os passos dele, ainda mais nervoso fico. Ao aparecer, diz:
- Conceição! Então, mulher, como é que estás? E essa saúde? Este é o teu filho? O mais moço? - Perguntou ele com um grande sorriso. Se ele ao menos soubesse…
-Sim é o mais moço. - Respondeu a minha mãe como quem responde a um grande amigo.
Eu, só pensava que ele diria a seguir qualquer coisa como: “é um garoto, um patife, engana-te todos os dias que não estás em casa!” Mas não, para minha surpresa…
– Está mesmo grande o rapaz! Eu pensava que fosse o mais velho. Vejo-o às vezes aqui perto a jogar à bola. Faz bem! É triste quando essa canalha anda “prái” sem nada que fazer, ao menos ele joga! Queres ser jogador da bola? Perguntou-me ele.
Eu fiquei mudo, nem sabia o que dizer, de início, o olhar dele, parecia algo que eu temia mais do que o “diabo da cruz” mas depois, acalmei-me. Percebi que afinal, ele era simpático, tinha um sorriso mesmo bonito, sorriso de avô. Sorri para ele e disse:
- Quero sim, quero ser como o Eusébio… (entre nós, Ha! Ha! Ha! Só pode ser uma piada.)
Afinal, era simpático…
Fomos jogar no dia seguinte. Dei um chuto daqueles que “pegam mesmo mal”, e lá “foi a bola para as urtigas”.
-Eu vou buscar… - Disse eu voluntariosamente. Desta vez, e dali para a frente, passei a ir a casa dele. Pedia-lhe pessoalmente para ir buscar a bola ao quintal. Ele sorria, dava-me uma palmada nas costas ou um chuto no rabo, e dizia, “vai lá rapaz…”
À saída, ele dava-me sempre uma laranja.

terça-feira, junho 07, 2005

Oração

Reparei que, abriu um novo bar em Queluz. Bar brasileiro, que nestes últimos tempos tem estado apinhado de gente.
De maior nota, são,para mim, sempre os bares que vencem as gerações, ao contrário dos que cinco anos depois de inaugurarem os seus serviços, têm um “stock” completamente desfalcado, à excepção do tabaco.

A oração é parecida. Eugene Peterson, diz que para se orar, é preciso pouca coisa, tempo e um pouco de espaço. O que exige esforço nosso, é fazê-lo todos os dias.



Este bar, faz boas refeições…

Imagens

Os famosos retratos, pintados do Cristo, com olhos azuis e cabelo loiro, exprimem melhor a imagem de belzebu do que a do Deus Messias. Temos um conhecimento errónio acerca do Messias.
Por essa causa, talvez nos surpreendamos demais com as provações por Ele impostas.

segunda-feira, junho 06, 2005

Descubra as diferenças...

Funcionário trabalha 12 horas diárias para conseguir progredir na carreira, foi a promessa que lhe fizeram quando entrou para a empresa…


Culto de louvor, porque as estatísticas dizem que crescemos, cantemos e louvemos a Deus, porque somos mais e maiores.

A mãe deixa de falar com o seu filho, porque ele decidiu deixar a sua casa para ir viver num mosteiro.

O pastor fala com amigos, e congratula-se da progressão que tem tido nas igrejas em que passou. “Comecei com uma igreja de 30 membros, agora estou com uma de 450 membros…”


Uma empresa faz pesquisas de mercado. Trabalha com números, estatísticas, não se relaciona com pessoas.

O mancebo sonha em servir ao Senhor. “Quero ir para o seminário para ser pastor…”, porém, é impedido, “tens que garantir um futuro”, dizem os pais.

Angel's Disguise

"Angel is a girl with short brown hair
Simple little face, and simple clothes she wears
Angel isn’t much, in idle conversation
Doesn’t care about the weather, or the newest sensation

Angel spends her nights, giving of herself
To the little blue hairs and silver chairs
Who can not help themselves

Angel is an angel on the inside
You and I may not see from the outside
Oh I pray that in time, oh that our eyes
Will see past an angel’s disguise"

White Cross in Unveiled

domingo, junho 05, 2005

Angra do Heroísmo


Sé de Angra do Heroísmo, ilha Terceira.
Enfim, algo da minha ilha. A cidade de Angra é a mais antiga cidade da ilha Terceira.
Este, é com certeza o maior "Ex líbris" da cidade património mundial. Durante este mês acontecem as festas "Sanjoaninas", que são, sem desprimor para as festas do "Santo Cristo", as maiores festas populares nos Açores. No adro da sé juntam-se centenas de pessoas para verem passar as afamadas marchas populares.
Nunca fui apreciador de tais eventos culturais, mas fica a nota turística.

sábado, junho 04, 2005

Weekend´s Fotolog IV


Ilha de São Miguel. A ilha que, talvez tenha mais belezas naturais dos Açores.
Esta é maior ilha dos Açores, este é o centro da maior cidade da maior ilha dos Açores, que por sua vez, também é a maior cidade da região.
Quando me abordam e dizem que eu não falo açoreano, é porque estão à espera que eu fale micaelense. Aquele português meio "afrancesado", que na série "Xailes Negros" transmitida pela RTP, mereceu legendas no fundo de cada aparelho televisivo, para que, os continentais percebessem o que se dizia.
Eu sou Terceirense...

sexta-feira, junho 03, 2005

Chocolate

O cristianismo que visa agradar as outras pessoas, é uma consolação barata. São chocolates, em vez de carne.
O chocolate para quem o compra não dá trabalho a cozinhar.

Perseguição

Não oro por perseguição como elemento purificador da Igreja, no entanto, sei que tal aconteceria. A perseguição não surge do vácuo…
E parafraseando, parcialmente, o meu amigo Samuel Úria, “…se eles soubessem o poder de um mártir, não o matariam…” Digo, porém parece-me que, por vezes, o sabem.
A perseguição acontece apenas quando não há mesmo mais saída para os poderes malignos. Pode ser comparada a uma febre, é uma reacção (sublinho reacção), que purifica. A diferença é que neste caso não purifica a sua origem, purifica o “vírus” que a ataca.

quinta-feira, junho 02, 2005

O outro filho

O relógio desperta, mais um dia como outro qualquer, são cinco da madrugada. Afazeres? Os mesmos dos outros dias anteriores a este, mungir as vacas, mudá-las para novos pastos, dar-lhes de beber, dar-lhes de comer, ir tratar dos porcos, e depois ir para casa até à hora da tarde. É trabalho que se faz bem, ajuda-me a esquecer, pelo menos ajuda a esquecer o dia da catástrofe! Nem conseguimos tocar no assunto com o pai.De início fazíamo-lo, e ele desatava a chorar, como se fosse uma criança chorava ele. Agora, o trabalho é remédio para toda a doença…
Eu pelo menos fiquei, o outro, um ingrato.
Hoje venho do trabalho para casa, já são 11:00, e já trabalhei cinco horas… Estranho, vejo o empregado do pai a levar consigo o melhor bezerro que temos, será uma festa? O que aconteceu? Talvez uma surpresa para mim… Até era justo, depois deste esforço todo, depois de todos os dias de chuva que passei, por ter ficado e nunca ter pedido nada ao pai. Foi um esforço grande.
“Voltou o teu irmão”, diz-me o mordomo, então a festa é para ele? Não acredito, e eu que fiquei aqui este tempo todo não tenho uma festa?
O que foi que ganhei ao fazer este sacrifício todo?

Esforço

“Bem raros são aqueles cuja vida tenha um destino espiritual. Quantos o procuram, e, entre estes últimos, quantos não desistem! (…) Que loucura pensar que a fé e o bom senso nos podem nascer tão naturalmente como os dentes, a barba e o resto.”
Kiekegaard in “Desespero Humano”


quarta-feira, junho 01, 2005

Os meus Açores...

Pronto, cheguei à conclusão de que não fui feito para grandes cidades. Não são para a minha construção.
Podia contar a história toda, mas não o vou fazer. Basta-me dizer que tinha que estar às 18:30 na faculdade de economia, e a caminho de lá, fui orientado por pessoas que sabiam menos do que eu.
Resultado, fui à faculdade de ciências sociais, passei pelo jardim da Gulbenkian, passei perto do “Amoreiras”, voltei para trás, pelo mesmo caminho que tinha feito para voltar ao “El corte inglês” e ir à sinagoga, descobri, entretanto, que era lá perto.
Queria reafirmar que, pedi orientação aos transeuntes e todos me davam a sua opinião. O meu problema, é ser demasiado crédulo.
Ia para um ensaio, consegui chegar a horas. Estava encharcado em suor (hoje estava mesmo muito calor), cansado, mas já estava a caminho com o meu amigo, que por essa altura, já tinha chegado.
Foi um serão bem passado, a recordar hinos, com o Pianista, o Rais, a Voz, e mais dois amigos meus, o Cado e o Almi. Louvámos, e até havia uma criança no nosso meio para garantir a veracidade do nosso louvor.
No fim, valeu a pena a busca. Tudo o que custa, sabe melhor…
Tocamos este domingo de manhã na Igreja de Rio de Mouro.

Uma clarificação

Creio ser de importância para o contexto, informar que o post abaixo publicado, foi a minha primeira tentativa de ficcionar.
O acontecimento ali retratado não aconteceu mesmo. Não obstante, agradeço de sobremodo o convite e o conselho a mim endereçado pelos comentários lá escritos.
A nossa segurança não vem das circunstâncias, creio eu assim.

A festa

Estou a caminho da casa dele e já oiço o som da música e da conversa.
Chego lá, não conheço ninguém, apenas o aniversariante. Todos falam com todos, menos comigo, creio que seja por não me conhecerem.
De repente, encho-me de coragem e pergunto a um estranho o seu nome, o que faz, as especificidades do que faz… ele, responde-me e rapidamente, esgota-se o tema de conversa.
Naturalmente que ele, mal encontra uma oportunidade, vai falar com outra pessoa, visto que após esta “prosa mútua”, ficámos uns bons cinco minutos a olhar para as paredes e para as conversas que os outros tinham.
Voltei a reparar que todos continuavam a falar com todos, menos comigo. Seria mesmo apenas da minha pouca fama no círculo? Será que cheirava mal? Seria uma partida, ou então já sabiam todos, que não era grande comunicador?
O que me salvaria deste estado?
“E se entrasse um amigo meu para falar comigo? Ou se eu recebesse um telefonema que justificasse a minha saída? Ou mesmo se perdesse toda a vergonha e entrasse tipo “penetra” nas conversas dos outros, fazendo-me muito interessado e contente.” Cogitava eu com o meu coração…
Nada disso, a minha solução é muito mais ao meu estilo, ao estilo de uma pessoa quieta, aquela pessoa que ninguém nota pela sua presença numa sala, aquela pessoa que é sempre a última a ser escolhida para fazer parte de uma equipa porque ninguém sabe se joga bem.
“É a primeira vez que cá estás? Não, venho todas as semanas, mas não costumo jogar… adeus.” É a conversa típica minutos antes de se começar a jogar.
Já foi uma sorte ter me sentado no sofá. Quase sempre fico de pé e mais tarde ou mais cedo sem saber bem o que fazer com os braços…
Lá, nesse sofá reparo que bem à minha frente há uma televisão; poderá ser esta a minha solução?
Ligo-a, e, como de costume, faço uma passagem por todos os canais disponíveis, mas o aniversariante tem só serviço público.
Por mais ridículo que seja o programa que está a dar, ele é a minha bóia de salvação. Concedo-lhe toda a minha concentração, assim, não sinto necessidade de outra pessoa. A festa não está a ser uma festa, o que faço, fazia-o em casa, mas confesso que seria bem homenzinho para passar ali a noite toda, refugiado no ecrã, na minha conversa com a caixinha.
As outras pessoas, reparo, não sentem a mínima necessidade do meu refúgio.
Por vezes, quando a festa acaba, a sua aparente segurança passa, tal como a minha segurança era temporária e enganosa. Outras vezes não, outras vezes também me sinto perfeitamente ajustado em festas.
Mas pergunto-me, será possível termos uma segurança que vá para além destas circunstâncias?